O PEC foi criado em 1997 por imposição da Alemanha, para entrar no euro e desistir da sua moeda, o marco, e obrigava a que os países membros não ultrapassassem os 3% de défice orçamental e uma dívida soberana correspondente a 60% do produto interno bruto (PIB)..Entre 1997 e 2009, ano da recessão económica causada pela crise financeira do 'subprime', o défice médio dos países da zona euro ficou abaixo dos 3%. Mas, entre os governos que violaram o PEC não estava só Portugal: a Alemanha também fazia parte do grupo 'negro', tendo infringido a regra do equilíbrio orçamental nos governos de Gerhard Schröder (SPD, oposição à CDU de Kohl e Angela Merkel, actual chanceler) e no primeiro ano do executivo de Merkel, com défices de 3,7% (2002), 4% (2003), 3,8% (2004) e 3,3% (2005 e mais tarde, em 2010)..Também ao nível da dívida soberana a Alemanha violou as regras que ela própria impôs aos outros países, em 1998 e 1999 e posteriormente a partir de 2002, ainda com o governo de Schröeder. Quando Merkel chegou ao poder, a dívida do estado estava em 68% e disparou depois para os 83,2% em 2010, o primeiro ano em que a Espanha, agora olhada como 'mau aluno', passou a fatia dos 60%, por apenas uma décima, escreve o El Mundo.."Comigo a Alemanha não teria violado o PEC. (...) Comigo como chanceler a Alemanha não teria aprovado a entrada, na zona euro, da Grécia, na sua situação concreta, pois qualquer um que olhasse com atenção poderia tê-la visto", afirmou Kohl em entrevista à revista Internationale Politik. "Estas duas decisões são para mim as causas fundamentais dos erros que agora devemos lamentar", concluiu o político que liderou a Alemanha entre 1982 e 1998 e foi o artífice da reunificação com a Alemanha de Leste..Apesar de as críticas de Kohl se dirigirem essencialmente aos mandatos de Schröeder, o antigo chanceler também arrasou a incapacidade política de Merkel, durante anos vista como delfim de Kohl: "A Alemanha já desde alguns anos que é um grande [país] não previsível, nem no seu interior nem para o seu exterior.".Merkel evitou entrar em polémica com o seu antecessor, dizendo que "os méritos de Helmut Kohl como chanceler da unificação e da UE não são suficientemente valorizados", mas tentou explicar as diferenças entre os dois: "Cada tempo tem os seus desafios específicos. O governo democrata cristão e liberal trabalha na resolução de desafios do nosso tempo com os seus parceiros na Europa no mundo", disse, ao jornal Süddeutsche Zeitung.