Aos 14 anos, um salto que já promete o título olímpico

Heather, jovem francesa, saltou 6,57 metros, um recorde no seu escalão etário. Treinador não duvida: vem aí um ouro olímpico
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Galina Chistyakova é, desde 1988, a incontestável recordista no salto em comprimento feminino, com uma marca de 7,52 metros, alcançada quando tinha 26 anos. Curiosamente, a antiga atleta soviética, que decidiu posteriormente assumir as cores da Eslováquia, só se estreou em palcos internacionais quando tinha 22 anos, nos Jogos da Amizade, em Moscovo. Uma realidade bem diferente da que já vive Heather Arneton.

Aos 14 anos, a adolescente francesa já é vista como a mais forte candidata a bater, no futuro, o recorde de Galina. Na cidade francesa de Eaubonne, Heather bateu o recorde mundial para uma atleta do seu escalão, ao pular 6,57 metros. Em toda a história do atletismo, apenas duas mulheres com menos de 18 anos conseguiram superar esta marca, algo que torna a jovem gaulesa um nome a ter em conta na modalidade para os próximos anos.

"Vai ser campeã olímpica, e não estou louco quando afirmo isto", reagiu Antony Yaïch, treinador da prodigiosa atleta, que num mês conseguiu melhorar a sua marca pessoal em 13 centímetros. "É jovem, mas com muito trabalho e dedicação, que os tem, pode vir a tornar-se um nome muito importante na história do desporto", sublinhou o treinador.

A alemã Heike Drechsler é um exemplo de que Heather poderá, talvez já nos Jogos Olímpicos de 2024, apresentar-se como candidata a saltar pelas medalhas. A germânica é uma das duas atletas que conseguiram saltar mais do que Heather antes de completarem 18 anos: pulou 6,58 metros, menos três centímetros do que a russa Anu Kalyurand.

Heike acabou por ser mais bem-sucedida, pois foi duas vezes campeã olímpica, três europeia, uma mundial e bateu por três vezes o recorde do mundo, entre 1985 e 1986. O facto de Heather Arneton, com apenas 14 anos, já ameaçar chegar perto da antiga saltadora germânica deixa antever um futuro promissor, até porque basta melhorar a sua marca em seis centímetros para estabelecer um novo recorde de sub-18.

Um percurso de dois anos

A jovem francesa vivia, até há bem pouco tempo, um dia-a-dia comum para uma criança de 12 anos. Mas tudo mudou quando o seu pai decidiu apresentá-la a Antony Yaïch, treinador especializado em métodos de salto no atletismo... que nunca tinha trabalhado com crianças. "O seu pai veio até mim há dois anos e decidiu apresentá--la. Disse-me que ela era forte, mas eu disse logo que não. Ela tinha 12 anos, tinha era de andar a brincar com as crianças da idade dela. Eu só treinava adultos. Mas ele insistiu tanto que lá aceitei fazer um teste", contou, em entrevista ao Le Parisien. Sem surpresa, não foi preciso muito para ficar convencido.

Heather Arneton já está integrada numa academia para jovens atletas, onde segue um programa específico de treino e nutrição, que lhe permita conciliar o atletismo com a escola. "Ela é determinada, trabalhadora e educada. Tem vontade própria. Tem a sua vida toda pela frente e, com a educação que tem, posso garantir que vai muito longe", reagiu o treinador.

Para já, Heather tem de se resignar às competições do seu escalão, pois para competir num patamar acima terá de ter mais de 16 anos. "Mas ela já podia, perfeitamente, estar a competir entre seniores. Os mínimos para o próximo Campeonato do Mundo, em Londres, são de 6,70 metros. Mas tem dúvidas de que ela vai bater isto muito em breve?", sublinhou o treinador.

Tendo em conta que a atleta conseguiu, em apenas um mês, melhorar 13 centímetros - precisamente a distância que a separa dos mínimos para Mundiais -, não é difícil perceber que Heather será, a partir de 2019, um nome que estará a dar que falar nos palcos internacionais.

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