Harry mascarado de nazi envergonha Casa Real britânica

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Um pedido de desculpas formal e abreviado não chegou para emendar a mais recente irresponsabilidade do príncipe Harry. O filho mais novo da princesa Diana voltou a envergonhar a família, ao aparecer numa festa de máscaras vestido de oficial nazi. O caso gerou uma onda de indignação, nacional e internacional. Organizações judaicas, grupos anti-racistas, Israel e até o Partido Conservador inglês consideraram a brincadeira grave de mais.

A polémica rebentou ontem de manhã, quando o jornal popular The Sun publicou uma fotografia de Harry, numa festa privada de aniversário, há apenas uma semana. Ao lado do título «Harry Nazi», o jovem de 20 anos aparecia vestido com o uniforme das tropas de Rommel e a respectiva cruz suástica na braçadeira.

Antes que a previsível onda de indignação se pudesse levantar, a primeira reacção pública à imagem saiu da Casa Real. A Clarence House, onde vivem os filhos do príncipe de Gales, emitiu um comunicado onde o próprio Harry, em pouco mais de duas linhas, fez o mea culpa obrigatório.

«Lamento muito se ofendi ou envergonhei alguém. Foi uma escolha infeliz e, por isso, peço desculpa.» Foram estas as únicas palavras que o terceiro herdeiro directo na linha do trono disse ao país. Oficiais do Palácio de Buckingham adiantaram, entretanto, que toda a família estava bastante consternada com o sucedido, mas que entendiam ser suficiente o pedido de desculpas assumido por Harry.

Menos condescendentes, vários membros da comunidade judaica manifestaram repúdio pelo acontecimento e lembraram a coincidência infeliz de faltarem só duas semanas para o Dia da Memória pelo Holocausto, que este ano vai servir para comemorar os 60 anos de libertação de Auschwitz. As cerimónias, aliás, serão presididas pela própria Rainha de Inglaterra - avó de Harry - e serão precedidas por uma recepção aos sobreviventes dos campos de concentração.

«ESTÚPIDO E DESCARADO». Do centro judaico Simon Wiesenthal, que tem mais de 400 mil membros em todo o mundo, veio uma das reacções mais veementes à insensatez de Harry. O Rabi Marvin Haier, um dos fundadores do centro, considerou que este foi «um acto vergonhoso e insensível para com as vítimas». Não só para os judeus, mas também para «os soldados do seu país que deram a vida para derrotar o nazismo».

Haier sugeriu ainda que a Rainha devia incluir o neto na delegação que vai levar ao terrível campo de concentração de Auschwitz, na viagem. «Ali ele poderá ver o resultado do odioso símbolo que ele, de forma tão estúpida e descarada, decidiu usar», considerou o Rabi.

O ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Sylvian Shalom, considerou «intolerável» o comportamento do príncipe. O gabinete do primeiro-ministro afirmou que «não há dúvida que foi um erro», mas preferiu não se alongar. Já Michael Howard, líder do Partido Conservador, não hesitou dizer que a única saída apropriada passa por um verdadeiro «pedido de desculpas público».

Visão diferente parece ter a opinião pública inglesa. Segundo uma sondagem da Sky News, 58% dos britânicos considera a brincadeira «inofensiva».

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