Há uma "nova invasão" russa preparada para o início de 2023
"Prevemos esse cenário. Estamo-nos a preparar para esse ataque. Vivemos com o pensamento de que eles vão atacar novamente". A certeza de que a Rússia vai tentar uma "nova invasão" pelo Norte, usando território da Bielorrússia, foi reforçada por um militar de topo ucraniano em entrevista à Sky News.
Andrii Kovalchuk, major-general, diz ter informações e "acreditar" que as forças de Moscovo vão tentar até dia 24 de fevereiro - data do início dos ataques russos - invadir a Ucrânia por três frentes: Leste e Sul, reforçando a presença já no terreno, e tentar de novo entrar pelo Norte e chegar a Kiev.
Porém, disse, desta vez a Ucrânia está "mais preparada para se defender dos ataques e das tropas de Putin. "Mais preparada", mas a precisar de "mais" apoio militar, mais armas, porque os "próximos combates vão ser muito mais violentos", afirmou.
Já na semana passada, Putin tinha admitido um prolongamento da guerra, tendo vários altos funcionários ucranianos, nessa altura, afirmado que o Kremlin está a preparar uma grande ofensiva para o início de 2023, não excluindo, por isso, a possibilidade de o exército russo tentar retomar Kiev.
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, reforçou, por seu turno, o alerta de que "a Rússia está a preparar-se para uma longa guerra" e manifestou a sua convicção de que Putin "lançará novas ofensivas".
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia contra a Ucrânia já forçou a deslocação de mais de 14 milhões de pessoas - 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 7,8 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados das Nações Unidas, que classificam esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
As Nações Unidas confirmaram, desde o início da guerra, 6.755 civis mortos e 10.607 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém da realidade.
Este domingo, o Ministério da Defesa britânico, sustentado em informações dos serviços secretos, garantia existir uma "fragilidade moral significativa nos militares russos" devido a "problemas de pagamento", "falta de equipamentos e munições", "lideranças fracas" e "principalmente pela elevada taxa de baixas".
Dizem os britânicos que nem as "duas brigadas criativas" que estão nas linhas da frente para elevar o moral das tropas, "fornecendo instrumentos musicais e entretimento", conseguirão "aliviar substancialmente as grandes preocupações" dos militares. "É improvável", diz o Ministério da Defesa britânico que também mostrou fotografias de recrutas ucranianos que estão a receber treino militar, na neve, no norte de Inglaterra.