Há uma nova "Central Tejo" mesmo em frente da antiga

Instalação de Pedro Cabrita Reis é inaugurada no mesmo dia em que o MAAT recebe a exposição "Germinal", com obras da coleção do artista.
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A obra resulta de uma encomenda da Fundação EDP ao artista Pedro Cabrita Reis mas para desfrutá-la não será necessário pagar bilhete nem entrar no museu: Central Tejo está instalada no pontão do rio Tejo, mesmo em frente da antiga Central Tejo e junto ao MAAT - Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, em Lisboa.

A instalação que é uma oferta à cidade é também, segundo Miguel Coutinho, administrador da Fundação EDP, a forma encontrada para assinalar o facto de a fundação ter adquirido, em 2015, a coleção particular do artista Pedro Cabrita Reis. E, por isso, nada melhor do que mostrá-la aos lisboetas no momento em que, dentro do museu, se inaugura a primeira exposição que trabalha essa coleção: Germinal esteve em março na Galeria Municipal do Porto e é agora mostrada em Lisboa.

Foi por volta de 1994, quando as suas esculturas de grandes dimensões já eram sobejamente conhecidas, que Pedro Cabritas Reis começou a colecionar obras de arte. Mas, em vez de procurar as obras de artistas conhecidos, usou o seu conhecimento (e a sua intuição) para adquirir peças de jovens artistas, alguns deles ainda estudantes, outros em início de carreira.

"A situação é muito melhor agora, mas no início dos anos 1990 ser artista em Portugal era extremamente difícil", afirmou Cabrita Reis, atualmente com 61 anos, citado num artigo do New York Times publicada esta semana, precisamente a propósito desta exposição. "Os jovens artistas não tinham muitos apoios nem boas condições de trabalho. (...) Via a coleção como uma responsabilidade ética."

Comprar as suas obras era uma forma de apoiar os jovens artistas e também de garantir que essas peças iniciais não se perdiam. Veja-se o caso de Pop Luz, uma peça que Joana Vasconcelos criou em 1995, ainda no âmbito académico, como aluna no Ar.Co, e de que nem a própria artista se lembrava mas que, na verdade, já tem muitas das características que identificamos hoje no seu trabalho.

A coleção de Cabrita Reis tem cerca de 400 peças, aqui são mostradas apenas 42 obras de 35 artistas. No entanto é, afirma Pedro Gadanho, que foi um dos curadores da exposição, "bastante representativa da história recente e da arte contemporânea portuguesa". "Sendo artista, ele percebia bem quem tinha talento, quem estava a emergir. Esta coleção é como um road map em que se identificam os valores futuros", explica. E é também por isso que a exposição se chama Germinal.

Ali estão obras em pintura, escultura, instalação e vídeo de artistas como João Pedro Vale (Português Suave, 2002), Rui Toscano (Black Painting, Perfect Lovers, 1997), João Paulo Feliciano (Swinging Electric Chair, 1993), Vasco Araújo (La Stupenda, 2001), Miguel Palma (Olho Mágico, 1993) e muitos outros.

"Deixava-me guiar pelas emoções. Comprava o que gostava e de quem gostava", diz Cabrita Reis ao New York Times. No catálogo da exposição explica um pouco mais: "Olhando para trás e relembrando esses quase dez anos, o que na prática fiz foi viajar, conhecer e acompanhar outros que, como eu, transportavam consigo a vontade de transformar o mundo através do seu olhar, do seu pensamento e das suas mãos".

Germinal
Obras da coleção de Pedro Cabrita Reis
Até 2 de janeiro de 20019
MAAT - Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia
Av. Brasília, Lisboa
Encerra às terças-feiras
Das 11.00 às 19.00
Bilhetes: 9 euros (com desconto 4,50 euros)

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