"Tal como naquele período [o chamado Processo Revolucionário Em Curso, PREC], a situação atual é de anarquia, aparentemente menos violenta, mas mais insidiosa", afirma o militar. .Para Pires Veloso - que comandava a Região Militar Norte quando o país esteve às portas de uma guerra civil em 1975 -, vive-se atualmente "uma pseudo-democracia, onde as leis se eliminam ou se fabricam consoante os interesses de A, B ou C, contrariando as regras mais elementares que uma verdadeira democracia exige".."Há um certo paralelismo entre a situação socioeconómica de agora e os dias tormentosos de 1975. Agora, desenrola-se uma luta, que envolve de um lado um povo trabalhador, sacrificado, paciente, orgulhoso de ser português, e do outro um conjunto de governantes rodeados de pessoas dos partidos políticos e outras cujo comportamento nos leva a admitir que existe um conluio nebuloso entre eles, esquecendo por completo os ideais de Abril", disse..O general considerou que "os cidadãos, quando elegeram estes governantes, pensaram certamente que escolhiam entre os mais competentes, os mais honestos, os que não regateiam esforço e sacrifício para cumprirem a sua missão com nobreza e os que consideram a verdade uma coisa sagrada".."Estarão hoje os portugueses convictos de que teriam feito uma escolha acertada? Tudo leva a crer que não", acrescentou..O militar lamentou que, "num momento em que a ganância dos mercados põe à prova os alicerces de todas as democracias ocidentais, Portugal se veja mergulhado numa crise económico-financeira sem precedentes, que ameaça a própria coesão social do regime".."É neste momento que o povo precisa de uma luz de esperança, de um ideal motivador, de uma razão para acreditar. Por isso, nunca como hoje convém respeitar a memória de todo um povo que, em novembro de 1975, se mobilizou em torno da ideia de liberdade e democracia, tal como o fizera, aliás, um ano antes, no 25 de Abril", acrescentou..Para Pires Veloso, os ideais do 25 de Abril "foram deturpados pelas elites totalitárias da extrema-esquerda, gerando um clima de pré-guerra civil e um caminho altamente perigoso que seria corrigido no 25 de Novembro, com a união de esforços de militares e da esmagadora maioria da população, enquadrada pelos partidos democráticos".."A partir de 2008, na voragem do descontrolo dos mercados que varreu toda a primeira década do século XXI, a sociedade portuguesa deixou-se aprisionar pelo laxismo económico e social. Com a crise internacional, eis que Portugal se vê, de novo, com uma terrível ameaça à estabilidade enquanto nação soberana. Ontem, o inimigo era a ideologia comunista, hoje, passou a ser a ganância dos mercados não regulamentados, que afoga vários países em austeridade e desemprego", frisou. ."É tempo de aclarar caminhos para bem do povo, evocando a memória do 25 de novembro de 1975", sublinhou o general.