A ANCEVE - Associação Nacional dos Comerciantes e Exportadores de Vinhos e Bebidas Espirituosas está preocupada com a "situação dramática" que se vive na fileira, alertando que o aumento continuado dos preços das matérias-primas, dos materiais de engarrafamento, dos transportes e dos custos em geral, "está a levar inúmeros pequenos e médios produtores de vinho à beira da falência"..Em comunicado, a associação reclama que "é urgente e imperioso" que o governo "aceite agilizar um plano extraordinário de apoio" à fileira do vinho, um setor que "leva longe o nome de Portugal mas está a ficar estrangulado pelo aumento brutal dos custos"..A associação, presidida por Paulo Amorim, faz uma longa listagem do aumento de custos, explicando que o preço dos combustíveis "disparou" - o gasóleo agrícola subiu de 83 cêntimos para quase 1,80 euros o litro, diz - e considerando que "não faz sentido que o Estado cobre tantos impostos nesta área", que os adubos e outros materiais agrícolas "essenciais" custam hoje "mais do dobro", que as caixas de cartão subiram 125% e as garrafas e rótulos registam aumentos de 50%. As cápsulas estão 30% mais caras e as rolhas 20%.."Todos os fornecedores debitam agora aos produtores o transporte dos materiais, que antes estava incluído nos preços. E passaram a exigir aos pequenos e médios produtores o pagamento contra entrega, não concedendo prazos, como antes acontecia", acrescenta ainda..Também o custo dos transportes "disparou" e a ANCEVE dá como exemplo o envio de uma palete de vinho de Lisboa para o Algarve, "que custava 35 e está agora nos 65 euros", com a agravante de serem "debitadas ao produtor taxas extra de combustível, que antes não existiam"..A tudo isto acresce os "enormes problemas no abastecimento" dos materiais de engarrafamento, designadamente vidro e cartão, e a falta de mão-de-obra, situação agravada pelo aproximar da vindima. A este nível, a ANCEVE aponta o dedo à legislação, que "continua desadaptada da realidade, sem qualquer flexibilidade". E especifica porquê: "Se um trabalhador com o salário mínimo aceitar por hipótese trabalhar aos sábados, para tentar aumentar a sua remuneração, acaba por receber menos dinheiro no final do mês, pois a subida automática de escalão prejudica-o de forma drástica"..Por fim, a associação alerta que, apesar destes aumentos todos dos custos de produção, os produtores vitivinícolas só conseguiram ajustar os seus preços de venda em cerca de 10%, "pelo que a esmagadora maioria irá apresentar enormes prejuízos no final do ano, se lá conseguirem chegar"..Ilídia Pinto é jornalista do Dinheiro Vivo