Há 80 anos que começou a guerra…

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Quanto mais na história fica a Grande Guerra Patriótica (22 de junho de 1941-9 de maio de 1945), mais significativamente se percebem as origens morais daquela época trágica.

Ao meio-dia de 22 de junho de 1941 todo o país estava a ouvir o discurso de rádio do comissário do Povo dos Negócios Estrangeiros da URSS Viacheslav Molotov sobre o ataque traiçoeiro da Alemanha.

"Nossa luta é justa. O inimigo será derrotado. A vitória será nossa", foi a frase final do apelo ao povo soviético.

Durante as primeiras oito horas da guerra, o nosso exército perdeu 1200 aviões; nos primeiros dias da guerra mais de 16 mil guardas de fronteira foram mortos.

No início da guerra, ninguém entendia que ia durar tanto tempo (1418 dias e noites), e o nosso povo perderia mais de 26 milhões de vidas. A Alemanha nazi planeava usar a estratégia da guerra-relâmpago. A Operação Barbarossa pressupunha o fim da guerra antes do degelo do outono de 1941.

A Grande Guerra Patriótica entrou para a história da humanidade como a mais sangrenta.

Quem são eles, os heróis desta guerra? Quem parou os invasores?

Junto com os soldados do Exército Vermelho, o país, a terra natal, será defendida por idosos, mulheres, crianças...

- Fortaleza de Brest... 2 mil pessoas foram mortas durante a sua defesa.

- Batalha de Moscovo (na historiografia ocidental conhecida como Operação Tufão).

Vinte combatentes do Regimento de Infantaria, liderados pelo instrutor político Klochkov que pronunciou a frase lendária "A Rússia é Grande, mas não há para onde recuar - por detrás está Moscovo!", na região de Dubosekovo no decorrer de uma batalha de quatro horas destruíram 18 blindados fascistas.

Os combatentes não recuaram.

- Batalha de Estalinegrado, Batalha de Kursk ... Quantas outras batalhas? Quantos mortos?

Será que podemos esquecer a tragédia da aldeia bielorrussa de Khatyn? Em 22 de março de 1943, esta aldeia junto com os seus habitantes foi queimada. E aqueles que tentaram escapar foram baleados - 149 pessoas morreram, incluindo 75 crianças com menos de 16 anos. E como esquecer os nomes e façanhas dos jovens heróis da Grande Guerra Patriótica: Marat Kozei, Valya Kotik, Lenya Golikov, Sasha Chekalin, Zina Portnova...

Todos eles são heróis da União Soviética. O título foi concedido a eles postumamente. "Filhos do regimento", os heróis-pioneiros lutaram tal como os adultos.

Mas a guerra não tem o rosto de uma criança! A guerra não é uma façanha, não é heroísmo no entendimento daqueles que a realizaram.

Os soldados voltaram da guerra com um sentimento de dignidade orgulhosa, aqueles que a forjaram na retaguarda também receberam a vitória com um sentimento de dignidade orgulhosa. A guerra é destrutiva, anti-humana. Ela contradiz o bom senso. Por mais fugaz que seja a nossa vida, sempre encontraremos tempo para lembrar aqueles que deram o passo às chamas de batalhas: "Sem amar até ao fim, sem acabar o último cigarro." E aqueles que estão vivos estão prontos para repetir as linhas:

"Todo o globo terrestre sob nossos pés
Eu vivo, eu respiro, eu canto.
Mas na minha memória estão sempre comigo
Aqueles mortos na batalha.
Não vou citar todos os nomes,
Não há familiares mais próximos,
Será que eu vivo
Porque eles morreram?"

Sim, a vida é passageira. Mas a nossa memória dos enormes sacrifícios e da Grande Vitória não se apaga.

A conexão dos tempos não é destruída. Não foi aniquilada da face da terra russa a alta espiritualidade do seu povo corajoso. E isso significa que ele viverá, permanecerá nos séculos, para sempre ficará na memória das gerações.

Secretária executiva do conselho de coordenação das organizações da comunidade russa residente em Portugal

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