Há 107 hospitais privados. Faltam 6 para igualar o público
Entre 2002 e 2013 os hospitais privados passaram de 94 para 107. No público são 113, a que se juntam mais seis hospitais prisionais ou militares, mas que não são se acesso universal. O caminho de crescimento do privado é o inverso do feito pelo serviço público.
O retrato é feito pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a propósito do Dia Mundial da Saúde que se celebra hoje. Entre 2002 e 2013 o número total de hospitais no país passou de 213 para 226. Um crescimento feito à custa do setor privado, que no mesmo período ganhou terreno onde o SNS perdeu. Ganhou 2000 camas - resultado de mais hospitais - quando o SNS perdeu 3700, passou de 460 mil urgências para 900 mil, de 1,6 milhões de consultas para 5,1 milhões. Nos exames e análises que ajudam a fazer o diagnóstico os atos mais que triplicaram.
Para Ana Escoval, do Observatório Português dos Sistemas de Saúde, o retrato vem confirmar a política desenhada nos últimos anos. "Sabemos que este governo tem apetência para o alargamento da oferta privada em detrimento do público", aponta, confessando não estar espantada com os números. Porquê? "Há duas questões fundamentais. Por um lado, a aposta na canalização das verbas da ADSE para o privado, pelas taxas moderadoras mais baixas e redução dos preços praticados - em alguns privados as pessoas pagam menos taxas moderadoras do que se for a um público -, por respostas muitas vezes mais céleres. Por outro, quando se tem verdadeiramente um problema de saúde e as consultas estão mais demoradas, as listas de espera são maiores, procuram-se alternativas que hoje estão disponíveis no privado", refere dando o exemplo das urgências no inverno, também reflexo da falta de médicos em algumas áreas.