Guia prático para seguir as eleições americanas

Após uma longa campanha, está a chegar a hora de contar os votos. A noite eleitoral de ambos os candidatos será em Nova Iorque, com as urnas a começar a fechar às 23.00 de Lisboa. Mas, olhando para as últimas eleições, o vencedor só deverá ser declarado já depois das 04.00
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Porque é que nos EUA o voto é à terça-feira?

Desde 1845 que a lei diz que as eleições têm que decorrer na terça-feira depois da primeira segunda-feira de novembro. Tudo remonta a uma época em que os EUA eram um país de agricultores que iam à igreja no domingo e ao mercado na quarta-feira. Como os locais de voto eram afastados, votar na terça-feira garantia que tinham um dia para viajar até lá, antes de regressar a casa a tempo de vender os seus produtos. Atualmente, 38 estados permitem o voto antecipado e, este ano, estima-se que 40% dos eleitores que vão às urnas já tenham na realidade feito a sua escolha.

A que horas é que saem os primeiros resultados?

As primeiras urnas, no Indiana e Kentucky, fecham às 23.00 de Lisboa. E, sendo dois estados tipicamente republicanos, Donald Trump deverá ter as primeiras vitórias da noite eleitoral. Mas esta promete ser longa. No caso de uma vitória avassaladora por parte de um dos candidatos, o vencedor pode ser conhecido quando em Lisboa já for 01.00 da manhã (quando as urnas fecham em 16 estados) - em 1980, Ronald Reagan foi declarado vencedor pela NBC às 01.15 e, quatro anos depois, ainda mais cedo, às 01.02.

Mas estas eleições estão renhidas, quando é que haverá vencedor?

Com uma campanha e sondagens tão renhidas, o mais provável é que o vencedor só seja conhecido depois das 04.00 - foi o que aconteceu nas duas eleições de Barack Obama. Mas a situação pode complicar-se ainda mais: a vitória de George W. Bush frente a John Kerry, em 2004, só foi declarada quando em Lisboa já eram 16.19 de quarta-feira, depois do caos ocorrido quatro anos antes. Em 2000, as estações de televisão chegaram a dar como vencedor Al Gore (que ligou até ao adversário a reconhecer a derrota, antes de voltar atrás) e depois a Bush. A recontagem de votos na Florida levou a que o republicano só fosse declarado vencedor a 12 de dezembro, após uma decisão do Supremo Tribunal.

Onde posso seguir a noite (madrugada) eleitoral?

As eleições vão dominar a programação das estações de televisão norte-americanas - e também as portuguesas, quer seja em sinal aberto ou no cabo. O DN vai também fazer o acompanhamento ao minuto no seu site.

E os candidatos? Onde é que vão fazer a festa?

Pela primeira vez em mais de 70 anos, os dois candidatos presidenciais vão preparadas as festas com os seus apoiantes em Nova Iorque, a poucos quarteirões de distância. A democrata Hillary Clinton estará no Centro de Convenções Jacob K. Javits (na 11.ª Avenida, entre as ruas 34 e 40), onde foi construído um palco igual a um mapa dos EUA, com dois pilares a representar o Havai e o Alasca. Já a festa do republicano Donald Trump, à qual só se poderá aceder com um convite, será no Hotel Hilton Midtown (na Avenida das Américas - 6.ª Avenida - entre as ruas 53 e 54), a curta distância da sua casa, na Trump Tower. Entre as duas festas está Times Square, o local a partir de onde muitas televisões fazem a cobertura eleitoral e que costuma atrair também grandes multidões.

Os americanos vão só escolher o futuro presidente?

Saber quem é o próximo inquilino da Casa Branca não é a única coisa que está em jogo. Os norte-americanos vão também eleger os 435 membros da Câmara dos Representantes, um terço do Senado (34 lugares), 12 governadores e, espalhado pelos vários estados, participar em 162 referendos.

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Como funciona o colégio eleitoral que escolhe o presidente?

O que os eleitores americanos estarão a fazer esta terça-feira, quando votarem no candidato à Casa Branca é, na verdade, a escolher os grandes eleitores do partido correspondente. Se Hillary vencer na Califórnia, como é previsível, os 55 votos do estado no Colégio Eleitoral irão para ela. Em 48 dos 50 estados, este é o sistema usado - o vencedor recebe todos os votos. As exceções são Maine e Nebrasca, onde o sistema inclui uma dose de proporcionalidade.

A 12 de dezembro, os grandes eleitores reúnem-se na capital do respetivo estado e votam diretamente para o presidente. Nunca se reúnem os 538. A contagem dos votos, essa, só acontece 15 dias depois, no Senado, em Washington.

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