Guia de Madrid à medida de Ronaldo

Dos bairros onde deverá escolher uma casa à sua altura ao estádio onde vai trabalhar, passando pelas lojas das melhores marcas do mundo, os restaurantes e os locais de diversão nocturna onde param os ricos e famosos: conheça os pontos da capital espanhola onde o melhor jogador do mundo vai poder gastar o seu ordenado multimilionário.
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A COMUNIDADE chique de La Moraleja, o bairro mais pijo (snob) de Madrid, discute desde a semana passada se a provável chegada de Cristiano Ronaldo é mais um ponto a acrescentar ao glamour do local ou apenas mais dinheiro a juntar ao elevadíssimo PIB do bairro. «Glamour tinha Michael Laudrup», lê-se numa das entradas do fórum em www.lamoraleja.com, onde os vizinhos postam coisas como «preciso de moça filipina interna, com papéis legais» ou um simples «agora, a Sofia não quer ir à praia nem pintada».

Por 4,6 milhões de euros (dois abaixo do que pagou o casal Beckham), e caso não acabasse por decidir-se a ir para La Finca – outra opção óbvia para quem tem muito dinheiro, aspire ou não a ter glamour –, Ronaldo tinha à disposição 850 metros quadrados de grandes mordomias e um ginásio aparelhado com grandes painéis de vidro a dar para um interessante projecto paisagístico, numa propriedade de três mil metros quadrados. Uma boa escolha, no caso de alguém que vai ganhar 13 milhões de euros a dar pontapés na bola e nos sonhos dos adversários, em favor dos próprios e dos milhões de seguidores do Real Madrid.

O Santiago Bernabéu, marcado no mapa da mina que a NS’ hoje publica, é então a principal fonte dos rendimentos de Ronaldo, que na direcção do centro da cidade tem outros locais de «levantamento» de dinheiro, como a Pepe Jeans (em Fuencarral), para quem protagoniza campanhas de moda, ou a sede madrileña do nosso BES, que renovou com o craque e lhe pagou dois milhões de euros por uma nova campanha.

A verdade é que Ronaldo é uma marca avaliada há bem pouco tempo em 150 milhões de euros em todo o mundo (83 milhões só como CR7) e com um impacte mediático de 63 milhões, contas a que a fabulosa contratação recorde do Real Madrid vai acrescentar mais milhões. Nos dois sentidos.

JOVEM, BONITO, desejado e perseguido, Ronaldo tem na capital de Espanha um roteiro tradicional de ricos e famosos, como são os casos de muitos dos seus colegas no novo clube, ou uma miríade de condes, barões ou simplesmente ricaços, que costumam gastar os seus milhões mais ou menos todos nos mesmos lugares. «Em Madrid há onde comer muito, muito bem, onde comer bem e, claro, onde se come normalmente. Os jogadores de futebol costumam escolher comer bem», explica à revista um jornalista local, conhecedor dos rituais merengues.

Asador Donostiarra e Meson Txistu, do mesmo dono e nas cercanias do estádio, costumam ser as escolhas dos galácticos e a comida é tão boa que Fabio Capello, o italiano que já treinou o Real, ainda por lá aparece quando está em Madrid.

Mas se Cristiano Ronaldo ficar com saudades da Madeira pode consolar-se com gastronomia das Baleares no mais badalado dos grandes restaurantes da cidade: o Santceloni, no Paseo de la Castellana, é capitaneado pelo chef Oscar Velasco, tem tártaro de atum com trufa negra a 43 euros e bacalhau confitado com favas a 48, que pode degustar numa sala privada requintadamente decorada.

Se quiser continuar a inovar no capítulo comer muito, muito bem, pode ainda escolher o incontornável Terraza del Casino, na Calle Alcalá, um templo assessorado pelo grande Ferran Adrià, que é assim como se fosse o Cristiano Ronaldo dos chefs.

A EXPECTATIVA do Real Madrid, onde Ronaldo deve apresentar-se por estes dias e ofuscar o que já de si seria uma fabulosa contratação – a do brasileiro ex-Milan Kaká, nos seus antípodas em termos de notoriedade –, é a de obter um retorno muito grande dos milhões que lhe pagará de salário e direitos de imagem, verbas que superam em um milhão de euros o que ganhava até agora, no Inter de Milão, o sueco Ibrahimovic, que não tem de perto, sequer, o potencial de merchandising do português. Ao jogador cabe entrar no universo galáctico que o presidente Florentino Peres quer reeditar e atirar com os lucros (incluindo os desportivos) do clube para a estratosfera.

Como isso são contas de outro rosário, o roteiro não-católico de Ronaldo em Madrid há-de incluir os locais de diversão nocturna mais badalados da capital, do Ramsés, na Plazza de la Independencia, ponto de encontro de gente linda entre o fim da tarde o raiar do dia, ao Cool, na movimentada zona da Calle Serrano, ou os locais de maior concentração de colegas por metro quadrado: o Joya Eslava, na Calle Arenal, o Buddha, na Carretera de la Coruña, ou o Pachá (Barceló) e o Gabbana (Velázquez).

PARA SEMELHANTE agenda social, Ronaldo vai precisar de cuidar do estilo e para isso tem ao seu dispor a chamada «milha de ouro», na Calle Serrano, os quarteirões mais modernos da capital, onde têm assento todas as grandes marcas internacionais e nacionais, e por onde Victoria Beckham passeava às compras.

As lojas costumavam fechar portas quando ela aparecia para gastar o dinheiro do marido, mas é provável que o charme ostentatório do lugar mantenha as portas abertas aos milhões ganhos por Ronaldo, e com o suor próprio.

25 euros por minuto

Cristiano Ronaldo vai receber anualmente 13 milhões de euros, ou melhor: pelo que se sabe do contrato, o Madrid paga-lhe dez e entrega três de impostos ao Estado espanhol, que assim também lucra. São 25 euros por minuto, mas a escocesa de fartas sobrancelhas e voz de ouro Susan Boyle faz-se pagar a 117 mil euros por actuação de 12 minutos, o que dá nove mil euros por minuto. Tudo é relativo.

De Zidane a Ronaldo com petróleo barato

Zinedine Zidane, que é assessor do Real Madrid desde que pendurou as chuteiras, era a mais cara contratação da história do futebol, justamente pelos merengues, em 2001, por 76 milhões de euros. Nesse ano, o petróleo andava pelos 40 dólares o barril. Quando o Real começou a namorar Ronaldo, há um ano, o ouro negro estava 300 por cento mais caro. As negociações compraram o diamante madeirense com um gasto de 25 por cento a mais por comparação ao franco argelino.

CR9 vs CR7: marcas e números

A marca Cristiano Ronaldo, agregada ao Manchester United, valia 150 milhões de euros em todo o mundo. A CR7 valia 85 milhões, mas no Real o craque vai usar a camisola 9, pelo que a marca CR9 foi comercialmente acautelada pelo jogador e os seus representantes no final do ano passado, com registo no Instituto Nacional de Propriedade Industrial. Os numerologistas avisam a NS’ que, se o 7 é um número de expansão, o 9 é o da mudança e da exigência.

Ganhos valem metade de Ronaldinho Gaúcho

A lista da revista americana Forbes com os desportistas mais bem pagos do mundo é liderada por Tiger Woods e os milhões ganhos por Ronaldo – dez de salário e cinco em publicidade, por ano – são apenas metade dos trinta milhões que ainda hoje aufere Ronaldinho Gaúcho, que é o vigésimo da lista.

Madrid fora da lista das cidades bilionárias

A revista norte-americana Forbes faz listas de tudo e a de cidades bilionárias é uma das mais interessantes. Em primeiro lugar está Nova Iorque, com 55 bilionários a morarem lá, e uma liquidez de 2,9 mil milhões de dólares para cada um. A anterior número um era Moscovo, hoje terceira, e Londres é a segunda (subiu uma posição, apesar da crise), com 28 bilionários e um «riqueza líquida média» de 2,8 mil milhões. A décima cidade é Tóquio, com dez bilionários (os mesmos de São Paulo) e 3,1 milhões de dólares para cada um. Madrid não entra no top.

Os clubes mais ricos*

Real Madrid 365,8
Manchester United 324,8
Barcelona 308,8
Bayern de Munique 295,3
Chelsea 268,9

*em milhões de euros
Fonte: Deloitte Footbal Money League – receitas de 2007/08

As transferências mais caras

Cristiano Ronaldo (do Manchester para o Real Madrid) 94*  em 2009
Zinedine Zidane (da Juventus para o Real Madrid) 76* em 2001
Kaká (do AC Milan para o Real Madrid) 65* em 2009
Luís Figo (do Barcelona para o Real Madrid) 58,5*  em 2000
Crespo (do Parma para a Lazio) 53,6* em 2000

*em milhões de euros

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