Guerra por quotas e arrefecimento económico vão prolongar queda
O abrandamento do crescimento da procura no próximo ano e a entrada de mais barris vindos do Irão deverão manter o mercado em excesso de oferta." A reflexão é da Agência Internacional da Energia, no mais recente relatório mensal.
A pressão sobre o preço é precisamente a tecla mais batida pelos analistas quando se pergunta como vai ser o 2016 do ouro negro. "Apesar de estarmos nos valores mais baixos desde 2003, não é ainda claro que a queda esteja esgotada", diz João Queiroz, diretor de Negociação da GoBulling - Carregosa. "Com elevada probabilidade, o preço médio anual será inferior ao de 2015, de 49,5 dólares/barril", estimou ao DN. "A tendência para 2016 deverá manter-se igual à observada em 2015", ou seja, é "de esperar ver a OPEP a aumentar a sua produção para novos valores recorde, tal como fez em novembro, numa tentativa de conquistar quota a produtores menos eficientes", detalha já Ricardo Marques, economista da IMF - Informação de Mercados Financeiros, que estima que a OPEP só deixará de produzir a um ritmo elevado caso "os preços caiam abaixo dos 20/25 dólares". "As recentes projeções para 2016 estão a contar com um crescimento do consumo de petróleo que poderá não se observar", considera Ricardo Marques, que aponta que "no último trimestre já se notou um abrandamento" na procura pelo petróleo. Com este dado, "e não contando com situações imprevisíveis", o analista da IMF acredita que "os preços possam recuar para os 30 dólares ou menos".
Sobre o que implica para a economia portuguesa a manutenção desta tendência em 2016, Pedro Ricardo Santos, gestor da XTB, aponta que "não só os custos são reduzidos como os consumidores terão mais dinheiro disponível para consumir, oferecendo algum dinamismo ao consumo interno". No mesmo sentido vai o diretor da GoBulling - Carregosa, que detalha que "uma redução do preço do crude traduz-se em mais rendimento para as famílias e menos despesa para as empresas". João Queiroz aponta ainda o alto peso do petróleo nas importações de "economias abertas e pobres em recursos", como a portuguesa, significando que "uma maior queda da cotação tende a refletir-se num acréscimo do PIB". Ricardo Marques alinha pela mesma via: "A queda do preço poderá ajudar a um maior equilíbrio da balança comercial, por via da redução das importações e, por outro, desviar consumo privado que iria para combustíveis para outros bens e serviços."