Ricardo Simões diz que chegam à Associação Portuguesa para a Igualdade Parental e Direitos dos Filhos (APIPDF), a que preside, "muitas situações de pais que estão de acordo e encontram resistência por parte do Ministério Público ou dos juízes à residência alternada. Aceitam a residência única e na prática fazem residência alternada"..O presidente da APIPDF falava ao DN na sequência da entrega na Assembleia da República da petição em prol da presunção jurídica da residência alternada para crianças de pais e mães separados ou divorciados, que ali será discutida, anunciou nesta terça-feira aquela associação, depois de ter conseguido reunir mais de quatro mil assinaturas nalguns meses..A petição tem como propósito pedir à Assembleia da República que discuta e proceda à alteração do Código Civil para a residência alternada. "A lei portuguesa é neutral, e não exclui a residência alternada", afirma Ricardo Simões, lembrando que esta foi uma discussão que se seguiu à nova lei do divórcio de 2008 [Lei 61/2008], para procurar clarificar o que ali estava em causa..Depois disso, recorda, "os juízes começaram a aplicá-la [à residência alternada] mais frequentemente", apesar de o grupo "de magistrados a favor ser minoritário", pois "a corrente dominante" vai no sentido de que basta que um pai - porque no caso de residência única a grande maioria das crianças vivem com a mãe - veja o filho de 15 em 15 dias, argumenta Ricardo Simões."Temos noção de que é cada vez mais normal quando pai e mãe se separam dividirem-se na vida das crianças." Tal espelha, diz, "resultados de transformações sociais dos últimos 40 anos". Quanto à residência única, Ricardo Simões considera que "reproduz uma cultural patriarcal, com a mãe cuidadora e o pai provedor. Achamos que tem de ser passada a mensagem para a sociedade e para o sistema judicial que o melhor para as crianças é o envolvimento parental, e não estamos a falar de visitas.".Não é possível, todavia, saber qual é a proporção de crianças a viver neste regime de residência alternada, uma vez que esse levantamento não está feito, recorda o presidente da APIPDF. "Seria interessante saber como é que os juízes estão a decidir"..Entusiasmado com a discussão no Parlamento da petição e esperando vê-la elaborada num projeto-lei, Ricardo Simões lança: "Mudarmos a lei vai passar a mensagem de que ambos os pais são importantes na vida da criança. Também vai contribuir para que os homens assumam mais tarefas domésticas e aqui contribui também para a igualdade de género. Vai passar mensagem àqueles que estão juntos, e não só aos que estão separados."