Os jogadores do Paraguai têm uma arma secreta para não serem compreendidos pelos espanhóis no jogo de hoje (19.30) dos quartos-de-final do Mundial: a língua guarani. Apesar de também comunicarem em castelhano, os paraguaios expressam-se em guarani, que é a língua oficial do país."Essa maneira de comunicar é fundamental para nós, a nossa língua é a chave de tudo o que poderemos fazer no terreno. É normal utilizá-la, é a nossa língua", refere o defesa central Julio Cesar Caceres.Os paraguaios ainda não precisaram de usar essa arma secreta, dado que não jogaram com equipas hispânicas. Os seus adversários foram a Itália, a Eslováquia, a Nova Zelândia e o Japão. Agora a situação alterou-se, dado que jogam com a Espanha, e o guarani vai ser usado em campo pelos paraguaios.Herdeiro das línguas das etnias ameríndias daquela região da América do Sul que existiam no final dos século XV e princípios do XVI, este dialecto indígena foi o primeiro a obter um estatuto de língua oficial.O guarani é falado por cerca de oito milhões de pessoas, essencialmente no Paraguai, o único da região que é bilingue (a outra língua é o castelhano), mas também na Bolívia, na Argentina e no Brasil, onde em Tacuru - cidade que está junto da fronteira com o Paraguai - foi recentemente adoptada como língua oficial, juntamente com o português.O avançado Lucas Barrios e os médios Jonathan Santana e Nestor Ortigoza, paraguaios de origem argentina, tiveram de aprender guarani depois de terem sido gozados pelos colegas de selecção.A selecção espanhola, que tem seis jogadores do FC Barcelona, também pode utilizar o catalão para enganar os adversários.Alguns exemplos de palavras guarani que os espanhóis não entenderão: ndyry (atacar), mbota (atirar) e hasa (passar).A palavra que os jogadores das duas selecções querem evitar é perder: perdre , em catalão, e hundi, em guarani. com AFP