Gripe leva mais de mil crianças às urgências
A urgência da gripe A do Hospital Dona Estefânia é um contentor quente e com pouca ventilação. Mas entre segunda e terça-feira, em 24 horas, passaram por aqui centenas de crianças. No total, as urgências do hospital atenderam 500 menores. Não foi só na Estefânia que a procura disparou: em Santa Maria e no Amadora-Sintra os atendimentos a crianças duplicaram. Uma pressão que ainda está longe do caos que a gripe comum já causou noutros anos, mas que é só o início, lembram os profissionais.
Além de Lisboa, Setúbal e Viana do Castelo são, neste momento, as áreas mais afectadas, diz a Direcção-Geral da Saúde. "Pontualmente, começa a notar-se o aumento dos casos de gripe e das idas às urgências nestas zonas urbanas", diz Mário Carreira, da DGS.
Na Estefânia, ontem ao princípio da tarde, os pais tinham que esperar três horas até serem atendidos. No dia anterior, o tempo de espera chegava às seis horas.
Por enquanto, ainda não houve reforço da equipa médica, mas a direcção clínica assegura que está a acompanhar a situação. Com a activação do Plano de Contingência, alguns pediatras serão "deslocados" para a urgência, respondeu a administração ao DN. Isto, tendo em conta que é preciso não desfalcar os outros serviços. Aliás, em Setembro, os chefes clínicos do hospital já tinham se tinham queixado do excesso de trabalho provocado pelo H1N1. E alertaram a ministra para uma situação que punha em causa a segurança dos doentes.
No Santa Maria, também em Lisboa, a urgência pediátrica tem atendido entre 200 e 250 crianças por dia, o dobro do que se vinha a verificar até à semana passada. A gripe é a causa de grande parte da procura. "É um aumento significativo, mas estamos a aguentar o primeiro embate", diz Correia da Cunha. O director clínico alerta que "estamos numa fase de aceleração da doença, que vai criar dificuldades de resposta".
No Amadora-Sintra, as urgências pediátricas mais do que duplicaram: passaram de uma média de 120 casos por dia para 350. Felizmente, diz fonte do hospital, não houve aumento nos internamentos, porque a maioria são casos sem gravidade. Aliás, o pediatra Gonçalo Cordeiro Ferreira diz que os pais devem evitar ir à urgência (ver relacionado). Até porque com os serviços entupidos corre-se o risco de não atender a tempo as crianças muito doentes, avisa. No Barreiro, há quatro turmas em casa por causa da gripe A (ontem eram oito), mas os serviços de saúde não receberam muitos casos. No Porto, nem o S. João nem o Santo António registam aumentos significativos das urgências devido à gripe. E nos HUC, em Coimbra, houve um pico na semana passada, mas a situação já normalizou.
Em Miranda do Corvo, o Centro de Saúde estava a cobrar mais 1,50 euros do que devia aos doentes com gripe, desde Setembro, denunciou ontem a presidente da câmara. Agora, terá agora de devolver o dinheiro aos utentes.
\t\t\t\t(Notícia modificada às 1:13, após fecho da edição impressa)