Greves na saúde. Ministra diz que "não há concidências"
A ministra da Saúde, Marta Temido, disse, esta sexta-feira, que "não há coincidências", referindo-se ao momento em que vão decorrer várias greves anunciadas para o setor, entre o final de outubro e durante o mês de novembro.
"Compreendemos que muitas das aspirações e revindicações profissionais tenham estado contidas durante este período em que foi necessário que todos nós nos concentrássemos na reposta à pandemia e que estejam agora a surgir todas ao mesmo tempo", referiu Marta Temido, à margem da cerimónia de homenagem ao ex-diretor clínico, António Fernandes da Fonseca, promovida pelo Centro Hospitalar Conde de Ferreira, no Porto.
Mas a governante não deixou, no entanto, de sublinhar o momento em que as greves de diferentes classes profissionais (médicos, enfermeiros, técnicos de emergência e farmacêuticos do SNS) foram anunciadas.
"É importante dizer também que não há coincidências. Parece que de setembro para outubro, todo o Serviço Nacional de Saúde (SNS), que estava com uma resposta extraordinária, está agora a claudicar", disse a ministra, referindo-se ao momento atual, em que se debate o Orçamento de Estado para 2022, apresentado na passada segunda-feira (11 de outubro).
Destaquedestaque"Não estamos a falar de não atender as reivindicações, estamos a falar do ritmo ao qual elas podem ser respondidas e da conjugação dessas mesmas respostas"
Marta Temido afirmou que "é preciso que as pessoas percebam lá em casa que estamos num contexto específico", momento no qual "as pessoas normalmente apresentam as questões que têm para apresentar e, naturalmente, os governos tentam responder na medida daquilo que são as possibilidades do país".
Referiu que o Governo "sempre esteve disponível para dialogar, mas afirmou que "dialogar não significa necessariamente dar uma resposta favorável a todo o conjunto de revindicações".
Aos jornalistas, a ministra realçou que "o Governo faz uma gestão daquilo que são as prioridades políticas para as quais foi designado pelo país".
"É um facto que há questões que são colocados pelos profissionais de saúde que todos reconhecemos há muito tempo, que estamos todos de acordo quanto ao diagnóstico", disse, ressalvando que "é necessário avaliar a disponibilidade que existe enquanto país para atender a todas as revindicações ao mesmo tempo".
A ministra sustentou: "Não estamos a falar de não atender as reivindicações, estamos a falar do ritmo ao qual elas podem ser respondidas e da conjugação dessas mesmas respostas".
Destaquedestaque"Só o secretário de Estado Adjunto e da Saúde realizou mais de 20 reuniões com as estruturas sindicais ao longo do tempo que dura esta legislatura"
Marta Temido ministra ressalvou que "ao longo dos últimos meses, mesmo durante as fases de confinamento, o Ministério da Saúde, através do secretário de Estado Adjunto e da Saúde, que acompanha a área dos recursos humanos, teve diversas reuniões de trabalho com as associações profissionais, com as ordens profissionais e com as estruturas sindicais".
"Há outras reuniões de trabalho marcadas ao longo deste mês, com agendas que estão a ser concretizadas, e que esperamos que tragam algumas respostas, sendo certo que nunca desistimos de procurar respostas ao longo deste tempo, que estivemos todos mais concentrados em resolver um conjunto de outros problemas", salientou.
O Governo "sempre esteve disponível para dialogar e discutir as questões que os sindicatos colocaram, quero ser muito explicita no sentido de dizer que só o secretário de Estado Adjunto e da Saúde realizou mais de 20 reuniões com as estruturas sindicais ao longo do tempo que dura esta legislatura", referiu Marta Temido.
Marta Temido argumentou que "a preocupação do Governo é de tripla natureza, a prioridade são as respostas às questões dos utentes, a motivação dos profissionais é uma grande preocupação, o seu desgaste, as suas preocupações, as suas angustias, o seu desgaste emocional, mas há uma preocupação de sustentabilidade do SNS que temos de ter para com todos os portugueses que não podemos esquecer".
Ainda nesta sexta-feira, também o secretário de Estado da Saúde, Diogo Serras Lopes, repetiu a mensagem que foi passada pela ministra, ao considerar que "não há nada de particularmente diferente" com os atuais anúncios de greve em diversas classes profissionais do setor, assumindo ainda não ter visto os cadernos reivindicativos. Por outro lado, relacionou o momento com uma "distensão" no combate à pandemia de covid-19.
"Quando se diminui a pressão da pandemia é normal que voltemos a negociações e reivindicações, algumas já eram bastante antigas e, portanto, digamos que é a vida política a voltar à sua normalidade, o que não deixa de ser algo pelo qual também ansiamos", disse o governante à margem da inauguração do LM-Laboratório Nacional do Medicamento (que sucede ao Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos), em Lisboa.
Na quinta-feira, a ministra da Saúde defendeu que, debatendo com "maior profundidade" o Orçamento do Estado para 2022 com as várias classes profissionais, muitas das razões que as levaram a marcar greves fiquem resolvidas.
"Temos a expectativa de que explicando ao longo dos próximos tempos com maior profundidade as soluções que o Orçamento do Estado para 2022 traz e, naturalmente, esperamos que também no processo parlamentar ele possa ainda ser robustecido, estas questões fiquem ultrapassadas", afirmou Marta Temido à margem do Congresso Nacional de Saúde Materno-infantil "CMIN Summit'21", organizado pelo Centro Materno-infantil do Norte (CMIN), no Porto.
De referir que médicos, enfermeiros, técnicos de emergência e farmacêuticos do SNS anunciaram greves para o fim de outubro e durante o mês de novembro.
Notícia atualizada às 13.21