Greve dos médicos afeta 90% dos blocos operatórios em Portugal

Durante a paralisação, que teve início esta terça-feira e termina na quinta-feira, estão garantidos serviços mínimos equivalentes aos de um fim de semana
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A greve dos médicos regista esta terça-feira uma adesão que ronda os 90% nos blocos operatórios a nível nacional, atingindo os 100% em alguns locais, de acordo com os dados divulgados pelos sindicatos ao início da tarde.

Em declarações aos jornalistas no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, os dirigentes do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e da Federação Nacional dos Médicos (FNAM) frisaram que, durante os três dias de greve, hoje iniciada, centenas de médicos asseguram serviços mínimos como se de um fim de semana se tratasse.

Nas consultas externas hospitalares a adesão é de 75%, de acordo com as mesmas fontes, e, nos cuidados primários de saúde (centros de saúde), é de 85 por cento.

"Quando os centros de saúde começarem a funcionar bem, deixa de haver problemas nas urgências dos hospitais", disse à agência Lusa João Proença, o presidente da FNAM.

O secretário-geral do SIM, Roque da Cunha, afirmou, por seu lado, que as declarações do ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, "a desvalorizar a greve" são "mais uma mentira. "Não se pode comparar médicos recém-licenciados com especialistas e dizer que há mais médicos", defendeu o dirigente sindical.

O presidente da FNAM disse que o Serviço Nacional de Saúde tem "cada vez menos médicos e cada vez mais idosos", acusando o ministro de fazer "uma gestão desastrosa dos recursos humanos".

Os dois dirigentes fizeram um balanço positivo da greve hoje iniciada, bem como da perceção dos utentes da razão da paralisação para a qualidade dos serviços.

Os médicos deram hoje início à meia-noite três dias de greve nacional, uma paralisação que os sindicatos consideram ser "pela defesa do Serviço Nacional de Saúde".

A reivindicação essencial para esta greve de três dias é "a defesa do SNS" e o respeito pela dignidade da profissão médica, segundo os dois sindicatos que convocaram a paralisação: o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e a Federação Nacional dos Médicos (FNAM).

Em termos concretos, os sindicatos querem uma redução do trabalho suplementar de 200 para 150 horas anuais, uma diminuição progressiva até 12 horas semanais de trabalho em urgência e uma diminuição gradual das listas de utentes dos médicos de família até 1.500 utentes, quando atualmente são cerca de 1.900 doentes.

Entre os motivos da greve estão ainda a revisão das carreiras médicas e respetivas grelhas salariais, o descongelamento da progressão da carreira médica e a criação de um estatuto profissional de desgaste rápido e de risco e penosidade acrescidos, com a diminuição da idade da reforma.

Para hoje à tarde, a FNAM agendou ainda uma concentração em frente ao Ministério da Saúde, em Lisboa.

A paralisação nacional de três dias, que termina à meia-noite de quinta-feira, deve afetar sobretudo consultas e cirurgias programadas, estando contudo garantidos serviços mínimos, como as urgências, tratamentos de quimioterapia, radioterapia, transplante, diálise, imuno-hemoterapia e cuidados paliativos em internamento.

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