Greepeace considera que julgamento do Prestige não incluiu todos os culpados
Por "não incluir os verdadeiros culpados políticos, nem as empresas envolvidas, é uma decisão que não impedirá que outro Prestige ocorra", sublinha a nota divulgada antes mesmo da sentença do tribunal ser conhecida.
A organização considera que o desastre foi causado "pela falta de responsabilidade no transporte marítimo e que, hoje, continuam a proteger os interesses dos setor petrolífero, a falhanços e negligências institucionais no momento de tomar decisões depois de há exatamente 11 anos o Prestige ter lançado o sinal de socorro".
"Este processo demonstra que os culpados políticos não pagam, que as empresas culpadas não pagam e que não se faz justiça quando se trata de defender o ambiente ou as pessoas", disse Raquel Montón, responsável da campanha Energia da Greenpeace em Espanha.
A Greenpeace sustenta que a decisão de afastar o navio da costa foi um dos maiores erros cometidos e que a informação dada pelas várias administrações à população foi "escassa, insuficiente e, em algumas ocasiões, falsa".
Na leitura hoje conhecida, o Tribunal Superior de Justiça da Galiza (TSJG) determinou não haver responsabilidade penal imputável pelo acidente do Prestige que atribuiu a um falhanço estrutural cuja origem "ninguém sabe precisar", absolvendo os três arguidos acusados no processo.
O tribunal decidiu absolver o capitão do Prestige, o grego Apostolos Mangouras e o chefe de máquinas do navio, o também grego Nikolaos Argyropoulos, analisando em detalhe as decisões tomadas para lidar com o acidente.
Absolveu também o ex-diretor geral da Marinha Mercante em Espanha José Luis López Sors, o terceiro acusado no processo, destacando que não lhe pode ser imputado qualquer responsabilidade penal.
Na sua sentença, lida pelo magistrado Juan Luis Pia, o tribunal absolve o Governo espanhol de responsabilidade penal, avalando uma das decisões mais polémicas tomadas na altura do acidente: a de afastar o navio da costa, recordando, por exemplo, que as autoridades marítimas portuguesas rejeitaram a entrada do navio em águas portuguesas e que "a possibilidade de aproximar o navio da costa teria muitos riscos para a zona".
"Descartou-se levar o barco para a costa por questões ambientais", disse.
O magistrado começou a ler a sentença do julgamento às 11:00 de hoje (10:00 em Lisboa), na sala do TSJG, no dia em que se cumprem exatamente 11 anos do naufrágio do petroleiro, que causou a maior catástrofe ambiental da história de Espanha.
"O falhanço estrutural foi culpa de manutenção deficiente e que se ocultou à tripulação", disse o magistrado, que detalhou, na leitura em galego, dados sobre o naufrágio, as ações do Governo - como a primeira ordem de afastar o barco da costa - e os impactos subsequentes.
Fora do tribunal concentraram-se durante a leitura da sentença cerca de 30 pessoas da plataforma "Nunca Mais", movimento criado depois da catástrofe ambiental, com um cartaz em que se pede o "fim da impunidade".