Gravações. Ronald Reagan chamou "macacos" a delegados africanos na ONU
Em 1971, quando telefonou um dia ao então presidente Nixon, para discutir os votos de delegados africanos na Nações Unidas, que eram desfavoráveis à política externa dos Estados Unidos, Ronald Reagan era o governador do estado da Califórnia. Reagan estava desagradado nesse dia com a atitude dos delegados da Tanzânia, que se puseram a dançar depois de uma votação na ONU para o reconhecimento da China (comunista, de Pequim) e a expulsão da China (nacionalista, de Taipé). Reagan era um apoiante de Tawian, e, segundo a BBC News, não poupou as palavras. Assim: "Ver aqueles... macacos daqueles países africanos - que se danem, ainda não estão confortáveis a calçar sapatos".
De acordo com a revelação feita na The Atlantic pelo historiador Tim Naftali, da Universidade de Nova Iorque, que diz ter ouvido a gravação não censurada do telefonema, Nixon terá soltado uma gargalhada na sequência do comentário de Reagan.
Tim Naftali explica no seu artigo que, por razões privacidade, aquela parte da gravação tinha sido removida das gravações originais, tornadas públicas pelos National Arquives dos Estados Unidos em 2000, numa altura em que Ronald Reagan ainda estava vivo.
Na opinião do historiador, após a morte de Reagan, em 2004, já não existia essa necessidade. "Solicitei que as conversas envolvendo Ronald Reagan fossem revistas e, há duas semanas, os National Archives divulgaram as versões completas", afirmou Tim Naftali, citado na BBC News.
Reagan terá telefonado naquela altura a Nixon para o pressionar a retirar o país das Nações Unidas, mas de acordo com Naftali, o próprio presidente terá confiado posteriormente ao seu secretário que "o principal tema do telefonema tinha acabado por se ser as queixas contra os africanos".
Para Tim Naftali, a revelação é importante porque permite "olhar a uma nova luz" a política externa de Reagan enquanto presidente, entre 1981 e 1989, nomeadamente em relação à política de apartheid que então se vivia na Rodésia e na África do Sul, e que Reagan defendia publicamente.