Leiria prepara-se para receber um centro comercial ao estilo El Corte Inglés, que funciona em parceria com o comércio local da cidade e oferece 900 lugares de estacionamento. O projecto divide opiniões, mas a maioria dos comerciantes não tem dúvidas: é ali que está a salvação do centro da cidade, que parece condenado à desertificação. .A Câmara Municipal de Leiria já deu luz verde ao novo empreendimento e prevê-se que as obras arranquem dentro de dois anos..O edifício vai nascer no espaço onde actualmente funciona a central rodoviária de Leiria, em plena Avenida Heróis da Angola. É por lá que, durante o dia, vai correndo boa parte da vida da cidade..Mas ao fim-de-semana e à noite só sobram os edifícios. "Mora aqui muito pouca gente", avalia Porfírio Edgar, proprietário de um café junto ao terminal de autocarros..O novo centro comercial tem sido tema de discussão ao balcão do Café Menitra. "Os comerciantes que vêm aqui dizem que estão a favor do projecto", conta ao DN Porfírio Edgar. Grandes superfícies e pequenos comerciantes em sintonia? "Este centro comercial é diferente, pode atrair pessoas de fora que vêm só para conhecer o edifício", justifica..O grupo Soproi - responsável pelo projecto - promete um edifício "de nova geração", que junta comércio, habitações e serviços. O centro comercial deverá ter dez pisos, quatro deles destinados a estacionamento. Nos restantes seis andares ficam 70 a 90 lojas e 36 fogos habitacionais..A própria avenida - por estes dias marcada pelo cinzento dos edifícios - deverá ficar de cara lavada. A ideia da Soproi passa por transformar parte da via numa rua pedonal e criar esplanadas à beira-rio. .Tudo isto deverá custar 56 milhões de euros.."Este centro comercial é o melhor que podia acontecer a Leiria", avalia António Fernandes, proprietário da Casa Iglesias, na zona histórica da cidade. O comerciante admite que, actualmente, "não há razão para fazer compras no centro da cidade". .Faltam estacionamentos, inovação e animação Mas acredita que o novo shopping será um "pólo de atractividade". "Cria bastantes expectativas", afirma..O presidente da Câmara de Leiria, Raul Castro, também defende que o novo centro comercial poderá funcionar como "âncora de atracção comercial, valorizando o espaço público" e permitindo "melhores condições de mobilidade e da imagem urbana". .No entanto, Raul Castro lembra que o projecto foi aprovado com alguns condicionalismos: a realização dos projectos hidrológico e geológico e de um estudo de circulação automóvel..A Associação de Defesa do Centro Histórico de Leiria também tem uma posição mais cautelosa. O grupo pediu a abertura de um período de discussão pública do projecto e a disponibilização pública de "todos os estudos e documentos" que levaram a autarquia a aprovar a obra. ."Estamos preocupados em debater o futuro da cidade sempre que surgem projectos que impliquem significativas alterações na malha urbana, no subsolo e na mobilidade existente", explicou o porta-voz, Vitorino Guerra.