Grande Final do Jovens Músicos teve na violeta justo vencedor

Lourenço Macedo Sampaio, 26 anos, arrebatou Prémio Maestro Silva Pereira. Volta a tocar esta noite (21.30, Grande Auditório) com Orquestra Gulbenkian, no Concerto de Gala que encerra Festival Jovens Músicos
Publicado a
Atualizado a

Começou atrasada a Grande Final do Jovens Músicos 2015, mas a espera foi recompensada pela enorme qualidade musical demonstrada pelos cinco laureados. Ainda assim, o nosso palpite de que Lourenço Macedo Sampaio e Gonçalo Lélis seriam os premiados acabou por se revelar 100% certeiro! Coube a Lourenço o Prémio Maestro Silva Pereira para o Jovem Músico do Ano, ficando Gonçalo com o Prémio da União das Competições Musicais para Jovens da Europa.

Natural do Porto, 26 anos, desde há alguns anos fixado em Londres, bolseiro Gulbenkian, Lourenço teve por mestre na Royal Academy o chefe de naipe das violas na Sinfónica de Londres, Paul Silvethorne, tendo já trabalhado com nomes consagrados da viola de arco e tocado em importantes orquestras europeias. Em Londres, ajudou a criar o Anglo-Portuguese Ensembe e o jovem compositor galês Gareth Moorcraft está a escrever um Concerto para viola para ele estrear.

Na Gulbenkian, tocou o 1.º andamento do Concerto de Bartók (o compositor faleceu antes de o poder concluir; a obra foi terminada por Tibor Serly). O que mais impressionou no desempenho de Lourenço nem foi tanto o impecável virtuosismo que mostrou ou a maturidade da interpretação, quanto o facto de ter conseguido fazer parecer que a violeta tem um timbre tão estável quanto o violino! O que é demonstrativo de que é um violetista completo.

Já Gonçalo Lélis (Aveiro, 1995) tocou o Allegro inicial do belo Concerto em si m, op. 104, de Dvorák. Mais nervoso que Lourenço, Gonçalo embarcou ainda assim numa interpretação que arrastou e conquistou o público. Carisma de intérprete ele tem, mas faltou mais risco/ousadia nas partes onde poderia exibir e "convencer-nos" das suas capacidades virtuosísticas. E isso poderá tê-lo penalizado na avaliação final.

Os restantes três estiveram outrossim em excelente nível: João Miguel Silva (oboé) com um limpo e bem fraseado e respirado Allegro inicial do Concerto de Mozart; Bruno Santos (trompete) muito seguro e de som bem homogéneo no Concerto de Arutunian; e Pedro Côrte-Real (saxofone) denotando domínio técnico e controle tímbrico no Concerto, op. 14 (de 1934), do sueco Lars-Erik Larsson (1908-1986).

Lourenço toca logo (21.30, Grande Auditório) com a Orquestra Gulbenkian a totalidade do Concerto para viola de Bartók, no Concerto de Gala que serve de encerramento ao Festival Jovens Músicos. Dirige, como anteontem, Jean-Marc Burfin.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt