Grande fábrica dos sonhos completa hoje 40 anos

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A TV Globo comemora hoje 40 anos de vida, dos quais 35 de liderança absoluta em audiências, o que é raro no mundo. Segundo os dados do IBOPE (Instituto Brasileiro de Opinião e Estatística), a Globo tem mais do dobro de telespectadores do vice-líder, a rede SBT, e os dez programas mais vistos pelos brasileiros são todos da chamada emissora do "Plim Plim" - pois este é o som entre um programa e outro da emissora.

Os números são fantásticos nesta empresa de 8000 empregados e considerada a maior produtora mundial de programas para uso próprio em todo o mundo. O seu trabalho com novelas e outros programas corresponderia à produção anual de 2200 filmes de longa metragem. A programação do gigante da família Marinho é retransmitida no Brasil por 113 emissoras e cobre mais de 99% do território brasileiro. No estrangeiro, segundo dados oficiais, leva seus programas a 30 milhões de pessoas.

Entre eles estão os portugueses, não só através do GNT, como também das novelas brasileiras, exibidas, primeiro pela RTP, e, desde 1995, pela SIC. Tudo começou em 1977, com Gabriela, a primeira novela brasileira vista em território português. O primeiro grande sucesso deu-se com Odorico Paraguassu - vivido por Paulo Gracindo, em O Bem Amado - tendo influenciado toda a teledramartugia portuguesa. As novelas mais vendidas da Globo, para todo o mundo, foram Terra Nostra, para 84 países, e A Escrava Isaura, na década de 70, para 79 países.

A TV Globo representa o sonho do empresário e jornalista Roberto Marinho, que a fundou quando tinha 60 anos. Se a Globo já apostava em novelas, ampliou essa tendência a partir de 1995, com a inauguração do complexo de estúdios chamado Projac, abreviatura de Projeto Jacarepaguá, numa referência ao bairro do Rio de Janeiro. Lá, há 1,6 milhões de metros quadrados para producção de TV - o equivalente a 230 campos de futebol.

Além das novelas, a Globo conta ainda com o Jornal Nacional - há 36 anos no ar e, indiscutivelmente, o mais visto em todo o país -, o programa Fantástico, aos domingos. Também o Big Brother - já na sua quinta edição - passou a ser fonte de audiência e facturação para a emissora, apesar das críticas da imprensa.

A TV Globo faz parte da organização desenvolvida por Roberto Marinho-- hoje a cargo do filho mais velho, Roberto Irineu-- ao lado dos irmãos José Roberto e João Roberto. Por não ser uma empresa de capital aberto, os seus números não são divulgados oficialmente, mas o grupo é líder incontestável na comunicação brasileira. Além da TV em sinal aberto, é a mais vista na plataforma de cabo. Entre os dez maiores jornais do Brasil, o grupo conta com três títulos O Globo e Extra, do Rio de Janeiro, e Diário de São Paulo, de São Paulo. O grupo enfrentou problemas financeiros devido a investimento sem retorno na TV cabo, mas com a venda de parte do capital para o grupo mexicano Telmex, a questão está a ser minimizada. O grupo tem ainda painéis de Internet, a Editora Globo, a revista semanal Época e as mais importantes redes nacionais de rádio, a informativa CBN e a popular Rádio Globo.

POLÍTICA. Se Roberto Marinho, falecido em Agosto de 2003, beneficiou directamente de suas boas relações com o regime militar, a partir de 1964, para fomentar a expansão da emissora, também resistiu à pressões dos militares para afastar jornalistas socialistas ou comunistas no período militar.

O actual presidente brasileiro, Lula da Silva, acusou a Globo de o prejudicar na eleição de 1989, quando perdeu para Collor de Mello. As polémicas foram tantas, que, na década de 80, o candidato Leonel Brizola chegou a declarar que o seu primeiro acto, se fosse eleito Presidente da República, seria tirar a concessão à TV Globo. Mais tarde, Brizola não faltaria ao enterro de Roberto Marinho, prestar-lhe a última homenagem. Pouco tempo depois, o canal televisivo daria a notícia da sua morte.

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