Governos africanos deveriam investir com transparência e sustentabilidade - Filantropistas
"Boa governação significa facilitar a vida das pessoas. As pessoas que emigram de África fogem de problemas, mas também para onde vão, não vão encontrar soluções", disse Vincent Karega, embaixador do Ruanda na África do Sul, ao intervir num painel sobre integração regional, na abertura do encontro, a decorrer em Joanesburgo.
Em África, 40% das pessoas vive abaixo da linha de pobreza, recordou, afirmando que estas pessoas não têm capacidade para iniciar um negócio e serem autosuficientes.
"Temos que industrializar as nossas economias e valorizar o nosso café, para que os baristas do Ocidente possam vir para cá. Todos nós efetuamos trocas comerciais com o Ocidente mas não o fazemos entre nós", sublinhou o diplomata.
Na opinião de Tonye Cole, um dos fundadores do Fórum Africano de Filantropia (APF, em inglês), o setor privado ocupou o espaço de atuação pública, retirando aos governos a responsabilidade social na governação estatal e do erário público.
"As contribuições fiscais dos cidadãos não são utilizadas pelos nossos governos para benefício da sociedade em geral, na educação, saúde, boa governação, infraestruturas, transportes, e por isso é difícil diferenciar as ações de filantropia", frisou.
De acordo com este filantropista nigeriano, "é necessário haver maior colaboração entre todos, desde o setor privado, público e sociedade civil para se criar uma visão comum".
O advogado Gbenda Oyebode, igualmente fundador do APF, destacou na sua intervenção que "a formulação de políticas e a realidade no terreno estão desconectadas".
Para o responsável, "os governos em África tendem a não reconhecer os problemas ou a ignorar as realidades devido às suas políticas"
"A educação e liderança são a solução se quisermos sair da ignorância e da pobreza", considerou.
Oyebode sustentou que "em África, as pessoas votam pelas razões erradas e tendem a votar nos líderes errados, em pessoas que nós nunca contrataríamos".
"Devemos encorajar as pessoas a partilhar e sermos estratégicos nas doações para construir instituições mais sustentáveis", afirmou Gbenda Oyebode.
O representante do Fórum e administrador da Fundação Higherlife considerou que "a filantropia pode desempenhar um papel crucial, no sentido em que pode assistir a dar voz autêntica às nossas comunidades".
"Em parceria com os governos, quer se goste da política do dia ou não, temos que encontrar um denominador comum e a filantropia oferece a plataforma ideal para o diálogo", comentou Tsitsi Msiyiwa.
Mais de 200 delegados de 15 países participam entre hoje e quinta-feira, em Joanesburgo, na conferência "Potencial e Realidade: superar lacunas" do Fórum Africano de Filantropia, com o objetivo de "procurar soluções sustentáveis para o continente".
A agenda inclui temas como integração regional, educação, mudanças climáticas, desenvolvimento, género, liderança e desemprego.
CYH/JH