Governo quer peixe mais barato e pescadores mais bem pagos

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O Governo quer encontrar forma de aumentar o retorno dos pescadores e reduzir o preço do peixe no consumidor por via de uma actuação na distribuição. A forma de o fazer está dependente de um estudo que encomendou sobre a Docapesca.

Em declarações à agência Lusa, o secretário de Estado adjunto e das Pescas, Luís Vieira, referiu que, após concurso público, foi escolhida a Tecninvest para elaborar um estudo acerca das possibilidades de futuro para a Docapesca. Segundo a lei, a primeira venda do peixe, após a captura, tem de ser obrigatoriamente feita em lota, ou seja, nas instalações da Docapesca.

Actualmente, como explicou Luís Vieira, há uma grande diferença entre o valor pago pelo peixe na lota, ao pescador, e o preço a que o consumidor final compra o pescado. "Queremos valorizar o pescado para dar mais dinheiro ao pescador" pois, "com a situação que hoje se vive, a primeira venda é posta em causa", avançou o secretário de Estado.

Por isso, o Ministério da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas, liderado por Jaime Silva, decidiu encomendar um estudo para chegar a alguns cenários possíveis para "trazer mais retorno ao pescador e reduzir o circuito de distribuição". Esta alteração pode levar também a uma diminuição no preço a que o consumidor compra o peixe.

"Estamos abertos a várias possibilidades" que possam ser apontadas pelo estudo, olhando até para experiências de outros países, disse. O responsável deu como exemplo uma alteração já adoptada, nomeadamente na nova lota de Esposende, com a abertura da primeira venda de peixe a mais compradores, além dos "autorizados", de modo a aumentar a concorrência e permitir elevar o preço.

Sem esquecer que a Docapesca "é um pilar importante em todo este processo", Luís Vieira não deixou de chamar a atenção para a necessidade de a empresa, com uma longa história de prejuízos, passar a dar lucro. "Não podemos continuar com uma empresa a dar resultados negativos, pois está a afectar o capital próprio e pode mesmo chegar a uma situação de falência", admitiu o governante. "Tem de ser encontrada uma solução" para a empresa, melhorando o modelo de gestão, aumentando a eficácia e permitindo um maior retorno ao pescador, insiste o secretário de Estado.

Luís Vieira espera ter na mão as conclusões do estudo durante o mês de Agosto para que o Governo decida como fica o processo de venda de pescado e o que vai acontecer à Docapesca, uma empresa de capital totalmente estatal e que no ano passado voltou a apresentar prejuízos, desta vez de 2,7 milhões de euros, depois dos 1,9 milhões de euros negativos de 2005 e dos 1,8 milhões também prejuízo de 2004.|

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