Governo propõe Sandji Fati para liderar forças armadas

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O nome de Sandji Fati foi recuperado pelo Governo da Guiné-Bissau como alternativa a Tagma Na Wai para a chefia das forças armadas, cargo que se encontra por preencher desde o assassínio do general Veríssimo Seabra por um grupo de militares revoltosos.

Ao que o DN apurou, o nome do general Sandji Fati consta de uma lista entregue pelo primeiro- -ministro ao Presidente da República, na noite de sexta-feira, sem que Carlos Gomes Júnior ou Henrique Rosa se pronunciassem.

Antigo chefe do Estado-Maior do Exército durante a presidência de Nino Vieira, Fati, que é de origem mandinga, está afastado das forças armadas, dedicando-se aos negócios e à exploração de minérios. Razão pela qual alguns observadores duvidam que ele aceite agora substituir Veríssimo Seabra num cargo que muito vêem como transitório ou a prazo.

Além disso, há ainda que contar com as eventuais objecções que os revoltosos (maioritariamente balantas) poderão levantar à sua nomeação, já para não mencionar os militares que ainda não esqueceram que Fati ficou ao lado de Nino Vieira no conflito que o opôs à Junta Militar, em 1998. Considerado, apesar disso, como um oficial de grande prestígio, Sandji Fati, de 42 anos, não é, contudo, o único nome em equação.

Sendo certo que Sandji Fati já constava de uma lista inicial de cinco nomes que foram discutidos entre autoridades e revoltosos, o facto é que as negociações evoluíram até se chegar ao nome de Tagma Na Wai, inspector-chefe das forças armadas. Um balanta prestigiado, mas considerado muito próximo do ex-presidente Kumba Ialá, que ele ajudou a derrubar em Setembro de 2003, sem que isso impedisse a sua reconciliação pouco depois.

Ao ponto de ainda estar por explicar o papel que ambos tiveram na revolta que eclodiu no início deste mês, e no qual foram mortos Veríssimo Seabra e o coronel Domingos Barros, que chefiava as informações militares.

Com a proposta de Tagma Na Wai, e além de Fati, caíram também os nomes dos comandantes José Tavares e Zamora Induta (ambos da marinha), de José Na Loa (chefe da Casa Militar do Presidente) e Celestino de Carvalho, um antigo chefe do estado-maior da força aérea de Nino Vieira.

Só que o impasse registado em torno de Tagma Na Wai e as objecções que o seu nome tem vindo a levantar nos meios militares e políticos parecem ter dado origem à recuperação da proposta inicial ou, pelo menos, de alguns nomes que nela constavam.

Como Malam Bacai Sanhá, um dos históricos do PAIGC liderado por Carlos Gomes Júnior, já tinha dado a entender, quando há dias falava na hipótese da eventual nomeação de um oficial na reserva para a chefia das forças armadas.

Para além disso, há que contar ainda com a opinião de um general que os revoltosos pretendem afastar da chefia do exército e que escapou à tentativa de assassínio de que foi alvo: Watna Na Lai.

Ferido, ainda que sem gravidade, Watna, um balanta que se opõe à etnização das forças armadas, será sempre um nome a ter em conta. Até porque o seu n.º 2, o general Armando Gomes, está em funções. E estão ambos em Bissau.

* Com António Nhaga Correspondente em Bissau

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