Governo nomeia Pacheco Pereira para administrador da Fundação de Serralves
O historiador José Pacheco Pereira, militante do PSD e comentador, esclareceu no seu blogue, o "Abrupto", por que razão aceitou o convite do governo.
"Face ao convite que me foi feito para a Administração de Serralves, devo dizer que só aceitei por ser um lugar não remunerado e sem qualquer prebenda, condição que coloquei ao convidante", escreve Pacheco Pereira argumentando que este é um "aviso por causa do tempo (mais um, mas os tempos são o que são...)".
[citacao:Espero que quando se der a notícia não se ignore este "aviso"]
Pacheco Pereira diz ainda que faz "parte igualmente de um Conselho de Patronos do Museu Vieira da Silva / Arpad Szenes, do Conselho Consultivo do Museu do Aljube, e do Conselho-Geral da Universidade do Porto". E tudo, sublinha, "sem qualquer remuneração".
O Ministério da Cultura anunciou hoje que designou para a administração da Fundação de Serralves o historiador José Pacheco Pereira e a antiga ministra da Cultura Isabel Pires de Lima.
Numa nota à imprensa um dia depois da reunião do responsável da Cultura, João Soares, com o presidente do Conselho de Administração da fundação, Luís Braga da Cruz, o ministério recordou que "cabe ao ministro da Cultura a competência própria para escolher e nomear dois membros do Conselho de Administração da Fundação de Serralves".
"Os dois nomeados são intelectuais portuenses de reconhecido mérito", sublinhou o comunicado do Governo, que salientou que João Soares informou Braga da Cruz, a terminar funções na presidência da Fundação de Serralves este mês, de tal decisão. No começo do mês foi anunciado que a atual vogal do Conselho de Administração da Fundação de Serralves Ana Pinho Macedo Silva havia sido nomeada como presidente daquele órgão para o mandato entre 2016 e 2018.
Na terça-feira, o deputado social-democrata Duarte Marques pediu a Pacheco Pereira para sair do PSD depois de se saber que estaria numa ação de campanha de Marisa Matias, candidata presidencial do Bloco de Esquerda. "Pacheco Pereira passa a vida a criticar o PSD e muitas vezes injustamente". E aconselha-o por isso a sair pelo próprio pé: "Às vezes, quando a raiva nos colhe a inteligência e a visão da realidade, devemos ser os primeiros a perceber. Ele devia sair."
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A expulsão parece fora de hipótese. Não é normal um militante ser expulso por criticar o partido. Aliás, em 2011, no congresso em que foi aprovada a chamada "lei da rolha", o próprio líder do partido, Pedro Passos Coelho, tudo fez para que essa norma fosse revogada.
Isto apesar de há muito a direção de Passos estar na mira de Pacheco. De tal forma que o atual presidente do PSD, logo em 2011, antes das eleições, lembrou que o historiador era "a única personalidade que sendo deputado faz campanha semanal contra o PSD".
Quem nomeia quem?
Como recorda a página de Serralves na Internet, de acordo com os estatutos da fundação, "o Conselho de Administração é composto por nove membros, sendo um presidente, três vice-presidentes e cinco vogais", com a designação de novos administradores a efetuar-se "por voto secreto e maioria absoluta", sendo que a "escolha dos membros é da responsabilidade do próprio conselho, com a exceção de dois, nomeados sempre pelo Estado".
Os anteriores representantes do Estado
No Conselho de Administração do triénio entre 2013 e 2015 os representantes do Estado eram Rui Manuel Campos Guimarães, vice-presidente daquele órgão e membro da Comissão Executiva, e a eurodeputada socialista Elisa Ferreira.
Os novos administradores nomeados
Segundo a biografia existente na Universidade do Porto, José Pacheco Pereira nasceu a 06 de janeiro 1949, no Porto, formando-se em Filosofia naquela universidade, tendo sido professor, deputado e líder do grupo parlamentar do Partido Social Democrata (PSD). Recebeu, em 2005, a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade atribuída pelo então Presidente da República Jorge Sampaio.
De acordo com a biografia da Infopédia, Isabel Pires de Lima nasceu a 17 de julho de 1952, no Porto, e é professora catedrática da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, tendo-se especializado na obra de Eça de Queirós. Veio a ser deputada pelo Partido Socialista (PS), partido pelo qual foi ministra da Cultura entre 2005 e 2008.