O Presidente da República pediu diálogo no Parlamento e aperfeiçoamento do documento; o PSD pediu dados novos (sobre os encargos do Estado); e o CDS tentou negociar. Mas a dois dias da discussão do Programa de Estabilidade e Crescimento na Assembleia, o PS ainda nem entregou o projecto de resolução que quer levar a votos para obter apoio adicional antes de entregar o documento em Bruxelas..Nesta altura, e face à ausência da resolução, nem o PSD se atreve a garantir a abstenção. A ainda presidente do partido quer, antes, ver o texto da resolução socialista de apoio ao PEC para anunciar o voto final. Até ontem, de resto, nem os pedidos de informação que fez a Teixeira dos Santos há duas semanas tiveram resposta. Para os sociais-democratas, uma coisa é clara: o texto da resolução, para poder ser viabilizado, tem que ser "sério", avisa fonte da direcção ao DN. Hoje, o tema irá a discussão na comissão política..Do Governo, sobram apenas os pedidos de apoio ao documento. Ontem mesmo, em Argel - onde está em visita oficial -, Sócrates reiterou o apelo: "Nunca esperei unanimidade, a unanimidade não existe em política. A ambição que tenho é que o PEC tenha um apoio na Assembleia da República porque isso é muito importante", disse o primeiro-ministro. .Esta manhã, será a vez de Teixeira dos Santos ir à Comissão Parlamentar de Orçamento para explicar o documento, depois de ter apontado o dedo, ontem à noite, a "uma oposição mais radicalizada" que tem deixado críticas ao documento. O ministro não concretizou, na entrevista dada à SIC, mas também nada adiantou sobre a negociação do prometido projecto de resolução parlamentar..Ainda assim, Teixeira dos Santos aproveitou a oportunidade para responder aos críticos. Antes de mais, os socialistas: admitiu que o PEC não é consensual no partido, embora acreditando que "o PS está com o Governo" neste documento. Depois, aos que acusam o Governo de prejudicar a classe média, respondendo que só as famílias com rendimentos acima de 900/1000 euros por mês terão aumento da carga fiscal..Horas antes, o líder do Bloco anunciava "uma grande campanha popular" para explicar as propostas do seu partido para o PEC..Numa conferência de imprensa na nova sede do partido, o líder bloquista apelou ao primeiro-ministro para que "abandone as privatizações", a "redução dos salários e pensões e os cortes no subsídio de desemprego", o "aumento de impostos para pobre e remediados" e a "política recessiva contra o investimento público" que disse estarem contempladas no PEC. ."A única coisa que importa saber esta semana é se o primeiro-ministro, refugiado na sua torre de marfim, está disposto a prosseguir contra todos uma política de destruição do emprego, de ataque aos mais pobres, de injustiça fiscal e de privatizações disparatadas ou, se pelo contrário, está disposto agora a trazer um PEC que se concentre no que os portugueses exigem", afirmou..Neste sentido, o líder do BE adiantou que o seu partido irá para a rua colocar "cada uma das medidas que propõe à consideração pública". "O BE constata que, tendo sido o único partido que apresentou uma resposta escrita com medidas alternativas concretas, orçamentadas e calendarizadas ao PEC, não obteve no entanto qualquer resposta do Governo sobre essas alternativas", referiu.