O governo português discute hoje ao mais alto nível o impacto da manipulação das emissões da Volkswagen no mercado português. O grupo de trabalho reúne-se a partir das 11.00 e será presidido pelo próprio ministro da Economia, António Pires de Lima..Segundo o que o Dinheiro Vivo apurou, poderão ser decididas medidas a vários níveis, devido à presença de outros membros do executivo, como Paulo Núncio, dos Assuntos Fiscais, e Paulo Lemos, do Ambiente. Até as ajudas estatais à Autoeuropa serão abordadas, graças à presença do secretário de Estado da Inovação, Pedro Gonçalves..O grupo de trabalho inclui ainda sete entidades, como a ASAE, a Direção-Geral do Consumidor, a Agência Portuguesa do Ambiente, a Autoridade Tributária, o Instituto da Mobilidade e dos Transportes (responsável pela homologação de veículos), o Instituto Português da Qualidade e a AICEP..O encontro vai também analisar a posição de Portugal junto da Comissão Europeia. O país deverá acompanhar a posição de Espanha, que defendeu ontem uma ação conjunta dos membros da União Europeia contra o grupo alemão, apurou o Dinheiro Vivo..Marcas da VW reforçam vendas.As vendas de carros da Volkswagen mantiveram uma subida em setembro, apesar de este ter sido o terceiro pior mês da marca. O escândalo relacionado com a utilização de software que permitia manipular a emissão de gases poluentes em alguns dos modelos a diesel rebentou em meados do mês passado, mas a marca vendeu nesse mês 1287 veículos (entre comerciais ligeiros e de passageiros). Foram mais 18,7% do que no mês homólogo de 2014 e mais 33% do que em agosto. A subida é ainda mais expressiva se se tiverem apenas em conta os ligeiros de passageiros: 23,4%..As vendas de carros do grupo alemão estão em linha com a evolução registada no conjunto do mercado português, com o número de veículos comercializados a ascender a 15 138 (subida de 30%) e a chegar às 159 551 unidades (mais 27,7%) no acumulado do ano..Os dados divulgados ontem pela ACAP - Associação Automóvel de Portugal mostram que o mês de setembro foi positivo para várias das marcas do Grupo VW. A Audi vendeu 711 carros, subindo 38,9% em termos homólogos e 40% face a agosto, e a Skoda passou de 177 unidades em setembro de 2014 e de 130 em agosto, para as 211 no mês passado. Apenas a Seat manteve o perfil de queda homóloga de vendas que já se tinha observado em agosto. Esta marca, ainda assim, vendeu 341 carros no último mês, mais do dobro das 130 unidades comercializadas em agosto..Bruxelas quer indústria limpa.Os ministros europeus da Economia concordaram ontem que é preciso "encorajar" a indústria automóvel a investir em tecnologias mais limpas. Depois de um almoço de trabalho no Luxemburgo, prometeram olhar para as leis nacionais e "criar um quadro" que seja um incentivo para que no futuro haja automóveis mais amigos do ambiente.."Constatei um amplo consenso sobre a necessidade de criar um quadro [legal] que garanta uma forte segurança jurídica que encoraje as empresas a investir a longo prazo na UE e rapidamente sobre as emissões de carbono", afirmou o ministro luxemburguês da Economia e Mercado Externo, Etienne Schneider. O ministro acrescentou que "esse quadro deve encorajar os investimentos nas soluções mais inovadoras e mais verdes, senão não podermos evitar a fuga do carbono"..A Comissão Europeia proibiu a utilização de software de manipulação de resultados das emissões de azoto nos automóveis em 2007. No entanto, a comissária para o Mercado Interno, Indústria e Empreendedorismo, Elzbieta Bienkowska, lembrou que a responsabilidade do controlo das emissões é de cada país..Inquérito da VW prolonga-se.Entretanto, o grupo alemão admitiu ontem que o inquérito interno "deverá demorar vários meses". Anúncio feito depois de uma reunião de sete horas da administração da empresa de Wolfsburgo, que passou a contar com um novo chairman, Dieter Poetsch..A escolha é considerada polémica, porque Poetsch foi o responsável financeiro da VW no período em que foi instalado o software que manipula as emissões. com J.F.G.