Governo de Bolsonaro afasta responsável pela monitorização da desflorestação da Amazónia

O Governo brasileiro demitiu a coordenadora-geral de Observação da Terra, Lubia Vinhas, responsável pela monitorização, via satélite, da desflorestação da Amazónia, problema ambiental que atingiu um recorde histórico no mês passado.
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A demissão foi publicada em Diário Oficial da União, e foi assinada pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes. Até ao momento, o executivo não explicou o motivo da destituição.

Lubia Vinhas ocupava o cargo de coordenadora-geral de Observação da Terra, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), organismo governamental que faz a monitorização da destruição da Amazónia no Brasil.

A exoneração acontece dias depois de o Inpe ter informado que junho teve o maior número de alertas de desflorestação para o mês desde o início da sua série histórica, iniciada em 2015.

No mês passado, foram registados 1.034,4 quilómetros quadrados devastados, número 10,6% superior ao período homólogo de 2019, segundo dados daquela entidade governamental.

No acumulado do primeiro semestre do ano, os alertas dão conta da desflorestação de 3.069,57 quilómetros quadrados da Amazónia, um aumento de 25% em comparação com os primeiros seis meses de 2019.

Em agosto do ano passado, o Presidente do país, Jair Bolsonaro, já tinha exonerado o então diretor do Inpe, Ricardo Galvão, após o especialista após ter criticado a gestão do chefe de Estado.

Na ocasião, Bolsonaro acusou o organismo de divulgar dados falsos sobre a desflorestação e de agir "de má-fé" para prejudicar o seu Governo.

Após as declarações do Presidente, Galvão respondeu publicamente que Bolsonaro teve um comportamento desrespeitoso e fez acusações indevidas a personalidades destacadas da ciência brasileira, tendo sido posteriormente exonerado.

A destituição de Ricardo Galvão do Inpe causou forte repercussão na comunidade científica brasileira e internacional.

Jair Bolsonaro sugeriu que o cientista poderia "estar ao serviço de alguma organização não-governamental (ONG)", por ter apresentado dados elevados sobre a desflorestação no país.

O Governo brasileiro tem agora em marcha várias tentativas de captação de verbas estrangeiras para investir na proteção ambiental na floresta Amazónia.

Na semana passada, o executivo de Bolsonaro comprometeu-se a reduzir a desflorestação da Amazónia, num encontro com investidores estrangeiros em que procurava captar fundos para a preservação ambiental daquela floresta.

Para isso, o Governo tenta agora melhorar a sua imagem no exterior em relação à proteção ambiental e de povos indígenas, face às críticas e alertas que tem recebido de investidores que estão preocupados com situações como o aumento da desflorestação e os incêndios na região.

A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta, com cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados, e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (pertencente à França).

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