Três meses depois da derrota na guerra de Nagorno-Karabakh, que culminou na assinatura de um acordo de paz com o Azerbaijão no qual a Arménia fez concessões de território, o primeiro-ministro arménio, Nikol Pashinyan, está debaixo de fogo. E as últimas balas vieram dos próprios militares, depois de o Estado-Maior do Exército ter considerado que o chefe do governo "não está mais em condições de tomar as decisões necessárias". Denunciando uma tentativa de golpe militar, Pashinyan juntou 20 mil apoiantes no centro da capital, Erevã, a pouca distância de onde a oposição pedia também nas ruas a sua demissão.."O exército não pode tomar parte nos processos políticos e deve obedecer ao povo e às autoridades eleitas", disse o primeiro-ministro diante da multidão. Já antes, o Ministério da Defesa tinha emitido um comunicado a lembrar que "o exército não é uma instituição política e as tentativas de se envolver nos processos políticos são inaceitáveis". Nas ruas não havia movimentos de tropas, mas os opositores continuam a apelar à demissão do governo. O principal partido da oposição, Arménia Próspera, considerou que o primeiro-ministro tem uma "última chance" de renunciar sem "levar o país a uma guerra civil"..Pashinyan tem sido alvo de críticas desde 10 de novembro, quando assinou o acordo que pôs fim ao conflito de seis semanas em Nagorno-Karabakh, cuja vitória foi reivindicada pelo Azerbaijão. O enclave no Cáucaso é reconhecido internacionalmente como fazendo parte do Azerbaijão, mas está sob o controlo da maioria étnica arménia (cristã) que conta com o apoio dos militares de Erevã> desde o final do conflito separatista em 1994, que matou 30 mil pessoas. Os azeris são um povo turcomano, muçulmanos xiitas, que além de serem a maioria no Azerbaijão se estendem também pelo norte do Irão..Depois do conflito, o Azerbaijão (que teve o apoio da Turquia) recuperou o controlo de uma parte de território do Nagorno-Karabakh e de algumas zonas em redor do enclave, ocupadas pela Arménia - no total, passaram de mãos meia dúzia de cidades, além de dezenas de vilas e aldeias. O acordo de paz foi negociado pela Rússia, que apesar das boas relações com as duas antigas repúblicas soviéticas, tem uma cláusula de assistência mútua com a Arménia, no caso de ataque de forças externas, e uma base no país..(R) Nagorno-Karabakh: mercenários vindos da Síria nos dois lados do conflito?.O acordo para pôr fim ao conflito que causou cerca de sete mil mortes de ambos os lados não agradou aos arménios, cujas vozes de protesto tinham sido abafadas pelo inverno, mas que nos últimos dias voltaram a ouvir-se. A Rússia disse seguir com "preocupação os acontecimentos"..A situação piorou depois de o primeiro-ministro despedir o número dois do Estado-Maior do Exército, Tiran Khachatryan, que tinha rejeitado a alegação de Pashinyan de que só 10% dos mísseis Iskander fornecidos por Moscovo durante a guerra tinham explodido no impacto. "A gestão ineficaz do atual governo e os graves erros de política externa colocaram o país à beira do colapso", lia-se no comunicado divulgado na quinta-feira, assinado pelo chefe do Estado-Maior do Exército, Onik Gasparyan, além de outros comandantes..Em resposta, o primeiro-ministro demitiu este responsável e denunciou a tentativa de golpe militar. Apelou ainda aos seus apoiantes que saíssem para a rua, para a Praça da República, o local da revolução popular que há três anos forçou a demissão do governo de Serzh Sargsyan e acabou por o colocar no poder. "Tornei-me primeiro-ministro não por minha vontade, mas porque as pessoas assim o decidiram", disse à multidão, através de megafone..A cerca de um quilómetro, a oposição concentrou-se na Praça da Liberdade, prometendo não sair enquanto Pashinyan não se demitir. "Nikol, traidor" e "Nikol, demite-te", gritaram os cerca de 13 mil manifestantes.
Três meses depois da derrota na guerra de Nagorno-Karabakh, que culminou na assinatura de um acordo de paz com o Azerbaijão no qual a Arménia fez concessões de território, o primeiro-ministro arménio, Nikol Pashinyan, está debaixo de fogo. E as últimas balas vieram dos próprios militares, depois de o Estado-Maior do Exército ter considerado que o chefe do governo "não está mais em condições de tomar as decisões necessárias". Denunciando uma tentativa de golpe militar, Pashinyan juntou 20 mil apoiantes no centro da capital, Erevã, a pouca distância de onde a oposição pedia também nas ruas a sua demissão.."O exército não pode tomar parte nos processos políticos e deve obedecer ao povo e às autoridades eleitas", disse o primeiro-ministro diante da multidão. Já antes, o Ministério da Defesa tinha emitido um comunicado a lembrar que "o exército não é uma instituição política e as tentativas de se envolver nos processos políticos são inaceitáveis". Nas ruas não havia movimentos de tropas, mas os opositores continuam a apelar à demissão do governo. O principal partido da oposição, Arménia Próspera, considerou que o primeiro-ministro tem uma "última chance" de renunciar sem "levar o país a uma guerra civil"..Pashinyan tem sido alvo de críticas desde 10 de novembro, quando assinou o acordo que pôs fim ao conflito de seis semanas em Nagorno-Karabakh, cuja vitória foi reivindicada pelo Azerbaijão. O enclave no Cáucaso é reconhecido internacionalmente como fazendo parte do Azerbaijão, mas está sob o controlo da maioria étnica arménia (cristã) que conta com o apoio dos militares de Erevã> desde o final do conflito separatista em 1994, que matou 30 mil pessoas. Os azeris são um povo turcomano, muçulmanos xiitas, que além de serem a maioria no Azerbaijão se estendem também pelo norte do Irão..Depois do conflito, o Azerbaijão (que teve o apoio da Turquia) recuperou o controlo de uma parte de território do Nagorno-Karabakh e de algumas zonas em redor do enclave, ocupadas pela Arménia - no total, passaram de mãos meia dúzia de cidades, além de dezenas de vilas e aldeias. O acordo de paz foi negociado pela Rússia, que apesar das boas relações com as duas antigas repúblicas soviéticas, tem uma cláusula de assistência mútua com a Arménia, no caso de ataque de forças externas, e uma base no país..(R) Nagorno-Karabakh: mercenários vindos da Síria nos dois lados do conflito?.O acordo para pôr fim ao conflito que causou cerca de sete mil mortes de ambos os lados não agradou aos arménios, cujas vozes de protesto tinham sido abafadas pelo inverno, mas que nos últimos dias voltaram a ouvir-se. A Rússia disse seguir com "preocupação os acontecimentos"..A situação piorou depois de o primeiro-ministro despedir o número dois do Estado-Maior do Exército, Tiran Khachatryan, que tinha rejeitado a alegação de Pashinyan de que só 10% dos mísseis Iskander fornecidos por Moscovo durante a guerra tinham explodido no impacto. "A gestão ineficaz do atual governo e os graves erros de política externa colocaram o país à beira do colapso", lia-se no comunicado divulgado na quinta-feira, assinado pelo chefe do Estado-Maior do Exército, Onik Gasparyan, além de outros comandantes..Em resposta, o primeiro-ministro demitiu este responsável e denunciou a tentativa de golpe militar. Apelou ainda aos seus apoiantes que saíssem para a rua, para a Praça da República, o local da revolução popular que há três anos forçou a demissão do governo de Serzh Sargsyan e acabou por o colocar no poder. "Tornei-me primeiro-ministro não por minha vontade, mas porque as pessoas assim o decidiram", disse à multidão, através de megafone..A cerca de um quilómetro, a oposição concentrou-se na Praça da Liberdade, prometendo não sair enquanto Pashinyan não se demitir. "Nikol, traidor" e "Nikol, demite-te", gritaram os cerca de 13 mil manifestantes.