O Estado quis assumir um papel neutro nesta operação e, por isso, absteve-se na votação da desblindagem dos estatutos. "O Estado não quis influenciar os resultados (...). Não votou contra nem a favor, absteve-se", declarou ontem à noite o ministro das Obras Públicas Transportes de Comunicações. .Mário Lino sublinhou que "não deu recados, nem mensagens" e que um mercado maduro funciona sem isso e, desta vez, funcionou bem. Sobre o processo da OPA, o ministro congratulou-se com a sua normalidade, acrescentando que as instituições reguladoras do mercado funcionaram de forma independente e tanto a Sonaecom como a PT se pautaram por "forte sentido de responsabilidade". .Separação das redes.Após a conclusão da OPA, o Governo está agora determinado em mudar o panorama do mercado das telecomunicações e fez saber que vai obrigar a Portugal Telecom a separar as redes de cabo e de cobre. Este compromisso já tinha sido assumido pela administração da PT, mas o Mário Lino garantiu que o fará cumprir, uma vez que traz benefícios para os consumidores e para a economia do País. "Este é um dos objectivos do Governo e para cuja concretização esta OPA deu um importante contributo", disse o ministro..Na conferência de imprensa após a conclusão da assembleia geral, o presidente da PT, Henrique Granadeiro, revelou que "ninguém nos obrigou a fazer a cisão da PT Multimédia [que levará à separação das redes], fomos nós que entendemos que o devíamos fazer". .O ministro frisou que é altura da PT voltar à normalidade do seu funcionamento. "Esperamos que a PT se desenvolva e consolide como um dos maiores grupos empresariais nacionais, quer a nível interno quer internacional, garantindo, ao mesmo tempo, o reforço da competitividade e da concorrência no sector das telecomunicações.".CGD apoia estratégia da PT.Apesar de se ter abstido, o Estado votou indirectamente contra a desblindagem dos estatutos, através da Caixa Geral de Depósitos. O banco votou contra, tendo-se baseado "na avaliação financeira da oferta", afirmou Armando Vara, administrador da CGD..Mário Lino destacou que o Governo não deu qualquer orientação ao banco, deixando a instituição financeira votar livremente. Mas o ministro não quer ser acusado de ter chumbado a OPA indirectamente, tendo sublinhado que mesmo com o voto favorável da CGD, a desblindagem não tinha sido aprovada. "O resultado foi muito expressivo para depender especificamente da votação de um accionista." Num comunicado, a CGD sintetizou a sua posição e avaliação. "Numa perspectiva de preço, considerou que o inicialmente oferecido de 9,5 euros estava abaixo do que considerava adequado e que, a oferta de 10,5 euros, embora no intervalo de avaliação, se encontrava no seu limite inferior." A CGD é, contudo, um investidor de longo prazo e, apesar da última alteração proposta pela Sonaecom, considerou que a estratégia apresentada pela administração da PT era"a que mais valor viria a criar para um accionista como a CGD". AM e CA