Google encerra Google News em Espanha para não pagar aos jornais

Uma nova lei exige a cobrança de taxas a serviços de indexação como o Google News. Serviço encerra na próxima semana
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A Google decidiu fechar o Google News Espanha para evitar as consequências de uma nova lei aprovada pelo governo no início de novembro. A lei 21/2014, que modifica várias disposições de propriedade intelectual, exige que os jornais espanhóis cobrem uma taxa a serviços de indexação como o Google News. Ou seja, ainda que apareça apenas o título de uma notícia do El Mundo ou El País no Google News, os jornais devem cobrar uma taxa. A Google recusa-se a pagar e prefere encerrar o serviço, com efeito já a partir da próxima segunda-feira, 16 de dezembro.

"Esta nova legislação requer que todas as publicações espanholas cobrem a serviços como o Google News sempre que mostrarem até o mais pequeno extrato das suas publicações, quer queiram ou não", escreveu Richard Gingras, diretor do Google News, no blogue da Google. "Visto que o Google News não faz dinheiro nenhum (não mostramos qualquer publicidade no site), esta nova abordagem simplesmente não é sustentável", adiantou.

As reações dos consumidores espanhóis têm sido sobretudo negativas. "É pena que o lóbi de editores que pressionou o governo para obter esta lei nunca tenha entendido que vai sair prejudicado no longo prazo", comentou o utilizador Antonio Bustamante, no site da Google. Ricardo Cuevas, responsável de comunicação institucional, escreveu que "é um desastre para o sector de Relações Públicas, visto que o Google News é a nossa maior ferramenta para reunir a cobertura de notícias sobre os nossos clientes." E Filipe Ol aplaudiu a decisão da Google, escrevendo que "se o governo espanhol e os meios de comunicação tradicionais querem regressar à Idade Média, isto é o que vão ter."

A lei entra em vigor em janeiro de 2015, e esse é o motivo pelo qual a Google encerra o serviço ainda este mês. É uma alteração com caráter de urgência, escreve o Executivo espanhol, visto não se ter ainda feito uma revisão integral da Lei da Propriedade Intelectual, e abrange vários aspetos do sector, não apenas aqueles que afetam os jornais espanhóis na internet. Ainda assim, esta alteração resulta em grande parte das queixas e pressão da AEDE - Asociación de Editores de Diários Españoles, de resto exigindo algo que tem sido discutido em vários países, incluindo Portugal. Em momentos anteriores, a Google chegou a acordo em França e Alemanha e indicou vontade de se entender com os editores portugueses, pelos quais Francisco Pinto Balsemão, presidente do Conselho Europeu de Editores até novembro, foi uma das vozes mais críticas.

"Os editores podem escolher se querem ou não que os seus artigos apareçam no Google News - e a vasta maioria escolhe ser incluída por uma boa razão", sublinha Richard Gingras. "O Google News cria valor real para estas publicações, ao dirigir os leitores para os seus sites, o que por sua vez ajuda a gerar receitas de publicidade." Associação como o Conselho Europeu de Editores e a AEDE defendem, no entanto, que a Google beneficia do tráfego gerado no Google News e deve pagar aos jornais que fornecem os conteúdos.

O serviço está disponível em 35 línguas e cobre cerca de 70 edições internacionais. A Google afirma-se "comprometida em ajudar a indústria dos média" no desafio da era da internet e quer "continuar a trabalhar com os seus milhares de parceiros globalmente."

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