Gonçalves, o resistente da Honda: 2.º lugar vale regresso ao top 10
Um vendaval varreu o rali Dakar no espaço de 24 horas, entre o início da tarde de quinta-feira e o fim da manhã desta sexta-feira. O nome do favorito à vitória final, na categoria das motos, mudou por três vezes, com abandonos, duras penalizações e pilotos perdidos entre as dunas a altitude boliviana. O britânico Sam Sunderland (KTM), principal beneficiado de tudo isso, venceu a etapa de ontem - a 5.ª da prova - e subiu à liderança. Já o português Paulo Gonçalves cotou-se como o principal resistente da Honda, particularmente visada pelo infortúnio: com um 2.º lugar na tirada (a 7:07 minutos de Sunderland) regressou a uma posição no top 10, a 10.ª. "Superámos mais um desafio", disse, no final.
No Dakar, as contas são sempre confusas. Por exemplo, Paulo Gonçalves terminou a 4.ª etapa no 12.º lugar da classificação geral, subiu ao 6.º ao ser compensado pelo tempo que perdeu a auxiliar Toby Price (que sofreu uma queda, partiu o fémur da perna esquerda e teve de abandonar), caiu para 15.º ao ser penalizado - como todos os pilotos das equipas oficiais da Honda - por ter reabastecido fora da zona autorizada; e regressou ao top 10 com a recuperação desta sexta-feira, que quase lhe valeu a vitória na etapa.
Ora, tudo isso aconteceu nas 24 horas que revolucionaram a edição de 2017 da mítica prova de todo-o-terreno: entre o abandono do australiano Toby Price (KTM), a penalização de uma hora aplicada ao espanhol Joan Barreda (Honda) e as peripécias que fizeram o chileno Pablo Quintanilla (Husqvarna) perder-se a meio da 5.ª etapa, o favoritismo à vitória final mudou de mãos por três vezes. E acabou por ir cair ao colo de Sam Sunderland, agora o grande candidato a prolongar a hegemonia da KTM, que conquista o Dakar desde 2001.
O britânico, de 27 anos, foi o principal beneficiado da 5.ª etapa, que devia ter sido corrida entre Tupiza e Oruro (na Bolívia) mas acabou encurtada pela organização, devido às más condições climatéricas - ficou-se pelos 219 quilómetros cronometrados, em vez dos 447 programados. Vários pilotos - como os anteriores líderes Barreda e Quintanilla, perderam muito tempo devido a falhas de navegação, sem perceberem que caminho seguir até Oruro. Sunderland deu-se bem e cavou um avanço de 11.50 minutos sobre Quintanilla e 15.57 sobre o francês Adrien van Beveren (Yamaha), na classificação geral.
Paulo Gonçalves, o resistente da Honda, reagiu com garra à penalização recebida horas antes: o 2.º lugar da etapa permitiu-lhe a subida ao 10.º lugar, mas já a 1:08:21 horas do líder (na véspera, estava a 25.45 de Barreda). "Superámos mais um desafio. Fui o segundo mais rápido em pista e procurei não cometer erros que pudessem comprometer a corrida. Ainda não terminámos sequer a primeira semana: está tudo em aberto. Esperam-nos muitos quilómetros, muitas dificuldades... o importante é estar na corrida. Continua a faltar-nos a estrelinha mas creio que o momento chegará", disse, ao final do dia, no Facebook.
Agora, Speedy vê mais dois compatriotas à beira do top 10. O seu cunhado Joaquim Rodrigues (Hero) é 11.º e Hélder Rodrigues (Yamaha) está em 13.º - ambos terminaram a etapa desta sexta-feira nos 20 primeiros. A comitiva de 11 motards portugueses foi encurtada nas últimas horas, devido às desistências de David Megre e Luís Portela de Morais.
Peterhansel de volta à liderança
Nos automóveis, também se vivem dias agitados. Mikko Hirvonen (Mini), Giniel De Villiers (Toyota) e o líder Cyril Despres (Peugeot) tiveram problemas de navegação e quem mais lucrou com isso foram os franceses Sebastien Loeb e Stéphane Peterhansel, ambos em Peugeot. O primeiro ganhou a etapa e o segundo resgatou a liderança da mítica prova de todo-o-terreno - embora isso possa valer pouco quando ainda se está a nove etapas do final de uma edição tão marcada pela imprevisibilidade.