GNT reúne fado, samba e electrónica na grande noite de Carnaval do Rio

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Os encontros do fado e do samba com a música electrónica em dias de Carnaval. Numa ideia, seria esta a sinopse possível para a edição do programa Braços Abertos que o canal brasileiro GNT exibe esta noite, pelas 22.00. São convidados os responsáveis pelo projecto português Chill Fado e os brasileiros do Eletrosamba. Como os nomes denunciam, dois grupos que buscam as aproximações possíveis dos sons tradicionais dos respectivos países ao mundo da electrónica. Depois, e porque é véspera de "dia gordo" no Rio de Janeiro, haverá tempo ainda para recolher o testemunhos de alguns veteranos do Carnaval carioca.

Vamos então por partes. Num primeiro momento, teremos de um lado Thierry T. e Passanger, produtores do Chill Fado, e a fadista Yola Diniz, que nele participou. Do outro, teremos os músicos do Eletrosamba. No meio, uma conversa sobre a atenção que ambos têm prestado aos sons das suas tradições e uma abordagem ao terreno comum da música Chill Out ou Lounge.

E aqui haverá certamente espaço para discutir a essência do género. Há quem lhe chame música de elevador - com alguma justiça, reconheça-se. Este é por regra um som propositadamente esvaziado de densidade, capaz de passar despercebido em qualquer ambiente público, treinado para sobreviver nas condições mais adversas e servir de pano de fundo a qualquer actividade que exija concentração, sem que os décibeis entorpeçam um milímetro cúbico que seja da nossa massa cinzenta. Dito de outra forma, música feita para ser ouvida, não necessariamente para ser escutada.

Mas há também quem - com igual justiça? -, encontre neste Chill Out/Lounge uma forma inovadora de reinventar a criação alheia à luz da electrónica, oferecendo-lhe novas possibilidades de leitura e capturando o olhar de públicos que, de outra maneira, nunca chegariam a estabelecer contacto com ela.

A verdade é que, nos últimos anos, o fenómeno se alastrou claramente e não há género ou artista que se preze que não remisture a sua sonoridade original com beats e bytes para se diluir em som ambiente. E o fado não foi excepção. A prová-lo está este Chill Fado V.01, compilação de música electrónica cruzada com fado. No projecto, alguns nomes bem conhecidos da música portuguesa aceitaram o desafio de abraçar esta arrojada modalidade sonora. Além de Yola Diniz, contam-se as colaborações de Mariza, Wanda Stuart, António Pinto Basto, Paulo Bragança e Carlos Maria Trindade.

O programa desta noite dá palavra aos protagonistas - os produtores Thierry T e Passenger - e oferece a oportunidade de comparar o resultado desse trabalho com a experiência semelhante que há muito tempo se desenvolve em torno do samba.

Para o segundo momento destes Braços Abertos fica o convite para descobrir o Carnaval do Rio de Janeiro através dos olhos de Domingos do Estácio, Selminha Sorriso ou Noca da Portela, nomes estranhos para o público português, mas verdadeiras lendas vivas da festa carioca.

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