Giuseppe Verdi nasceu há 200 anos

Giuseppe Verdi, o compositor da unificação italiana e de óperas como "Aida", que celebrou, no local, a inauguração do canal do Suez, no Egipto, nasceu há 200 anos, em Roncole, no ducado de Parma.
Publicado a
Atualizado a

Hoje, o Instituto Italiano de Cultura, em Lisboa, assinalando a efeméride, inaugura, às 19:00, a exposição "Giuseppe Verdi -- proprietário, construtor, sábio, anfitrião", organizada pela província italiana da Emilia Romagna, de onde é natural o compositor.

O investigador Marcello Sacco falará sobre a obra do compositor da ópera "Alzira", e serão projetados os documentários "Buon compleanno maestro", uma produção da Emilia Romagna com entrevistas a maestros e "jovens promessas do repertório de Verdi", e "Happy Birthday Mr. Verdi", do Teatro do Museu Nacional da China, com o registo de árias de Verdi, pelo flautista Andrea Griminelli, segundo comunicado do Instituto.

Giuseppe Verdi - Requiem

[youtube:F0leCvcVTN8]

Giuseppe Fortunino Francesco Verdi, um apoiante da causa de unificação da península itálica, liderada pelo Rei Victor Emanuel, foi batizado pelo seu pai, na igreja católica, com o nome em latim, e no registo civil de Busseto, a capital provincial, em francês, Joseph Fortunin François.

Ainda criança, Verdi começou a estudar música, em Bussetto, e prosseguiu os estudos até aos 20 anos, em Milão.

Tendo falecido aos 87 anos, é longa a lista das produções operáticas de Verdi, sendo um dos compositores sempre presentes nas temporadas dos teatros líricos de todo o mundo.

"La Traviata", "Otello", "Aida", "Rigoletto", "O Trovador", "Um baile de máscaras", "Macbeth", "Falsstaff" e "A força do destino" são alguns dos títulos mais assíduos nas temporadas operáticas.

Verdi deu-se a conhecer na década de 1830, nos salões de tertúlia Salotto Maffei, em Milão, a convite de Clara Maffei. Entretanto, regressou a Busseto, onde foi mestre de capela e maestro da banda local.

O ambiente na pequena cidade valeu-lhe várias críticas, tendo decidido, graças ao mecenato do mercador Antonio Barezzi, apresentar-se em público na casa de Barzzi, em Milão.

A Península Itálica vive o "rissorgimento", o movimento político que pretende a unificação da Itália num só Reino sob a coroa dos Saboia, e no qual militavam, entre outros, Giuseppe Garibaldi e Giuseppe Mazzini. É a este movimento que adere Verdi.

Em 1839, sobiu à cena, no Alla Scala, de Milão, a primeira ópera de Verdi, "Obeto". O compositor já estava casado e, durante a composição do drama lírico, morreram os seus dois primeiros filhos.

Em 1840 morreu a primeira mulher. Nesse ano Verdi estreia a ópera "Un giorno de Regno", apontada como a primeira tentativa de uma ópera cómica (ou "buffa"), após a expressão barroca tardia.

Estas óperas saldaram-se por um insucesso de público e crítica, até que, em 1842, fortemente envolvido no "rissorgimento", Verdi compõe "Nabucco", ópera que se salda num enorme sucesso, sobre a qual é feita uma leitura política.

Nesta data, o norte da Itália é um território da Casa Habsburgo do Império Austro-Húngaro. A ópera em quatro atos conta a história do Rei Nabucodonosor da Babilónia. O coro dos escravos hebreus, no terceiro ato, "Va, pensiero, sull'ali dorate" ("Corre, pensamento, sobre asas douradas") tornou-se um canto de interveção do nacionalismo italiano.

Nas paredes dos edifícios, à surdina, os nacionalistas pintavam "V.E.R.D.I.", que mais do que um elogio ao compositor, significava, em cripta, "Vittorio Emanuele Re di Italia", representando o grito de independência.

Verdi compôs, em seguida, até à década seguinte, 14 óperas, entre as quais "Macbeth" (1847), que rompeu com a tradição operática italiana, ao não contar uma história de amor.

Neste período, Verdi iniciou uma relação amorosa com a soprano Giuseppina Strepponi, o que causou escândalo na sociedade transalpina. Os dois casaram-se em aagosto de 1859, em Collonges-sous-Salève, nos arredores de Genebra, e Verdi afastou-se do convívio social.

Em 1851, estreou em Veneza, com enorme sucesso, "Rigoletto", ópera baseada no romance de Victor Hugo, "Le roi s'amuse".

Verdi continuará a compor e a rever as suas peças por mais cinquenta anos, até quase à sua morte em 1901, em Milão, já depois do assassínio do Rei Vitor Emanuel, em 1900, que afetou imenso o compositor

Politicamente, além do empenho no movimento de unificação, Verdi tinha sido eleito para a Câmara dos Deputados, em 1861, cargo a que renunciou em 1865. Em 1874, porém, por escolha régia, foi nomeado senador.

No ano anterior à nomeação senatorial fora convidado a compor uma Missa de Requiem, em memória de Gioachino Rossini.

Mais de 90% da obra de Verdi é operática e a última produção, "Falstaff", data de 1893. Verdi compôs ainda Seis Romanças, em 1838, um Requiem em memória do escritor Alessandro Manzoni, em 1874, e quatro peças sacras, em 1898.

No início da década de 1870, Verdi compôs ainda um quarteto de cordas - o Quarteto em Mi menor -, a sua única obra para conjuntos de câmara.

Além da produção artística e do empenho político, Verdi preocupou-se com os artistas retirados de cena e criou a Casa do Artista, que ainda hoje funciona, nos arredores de Milão.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt