Gilberto Gil cantou 'Cálice' 45 anos depois no Festival Lula Livre

Iniciativa do cantor de voltar a um tema que fala de censura e tortura, escrito durante a ditadura militar, foi entendida como ato com significado político.
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Durante o Festival Lula Livre, que reuniu dezenas de músicos e outros artistas e atraiu milhares de pessoas à Lapa, bairro no centro do Rio de Janeiro, no último sábado, houve um momento histórico. Quando Chico Buarque chamou Gilberto Gil ao palco, a plateia, depois dos esperados aplausos pela reunião dos dois monstros sagrados da música popular brasileira, engoliu em seco ao ouvir o segundo entoar os primeiros versos de Cálice, tema dos anos 1970 composto pela dupla.

Veja aqui o vídeo:

Era a primeira vez em 45 anos que Gil cantava a música que, em entrevistas ao longo de décadas, dizia nunca mais interpretar por ser demasiado forte e pesada, apenas adequada ao período da ditadura militar em que foi escrita.

Por ser agora cantada a propósito do Festival Lula Livre, ao lado de Chico, observadores viram no ato um significado político já que Cálice, cujo som se confunde propositadamente com "cale-se", trata de censura, tortura, mortes e desaparecimentos.

Gil, que foi ministro da Cultura no primeiro governo de Lula da Silva, é hoje eleitor confesso de Marina Silva, que também fez parte daquele executivo na pasta do Ambiente. Já Chico é apoiante tradicional do PT.

Lula está preso desde março em Curitiba por envolvimento no escândalo do petrolão, segundo os investigadores e juízes da Operação Lava-Jato.

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