Georgieva liderará ONU com "esforço ilimitado nos resultados"
A búlgara Kristalina Georgieva prometeu esta segunda-feira que exercer o cargo de secretário-geral da ONU com "independência, integridade, compaixão e esforço ilimitado nos resultados".
Georgieva intervinha perante a Assembleia Geral das Nações Unidas, que começou com uma declaração da candidata sobre a forma como vê a organização e o cargo ao qual concorre o português António Guterres.
Kristalina Giorgieva declarou, sobre a crise síria, que a comunidade internacional "falhou em ver os sinais" de um conflito que foi "piorando à vista" de todos.
Por isso, "a lição a tirar" pelas Nações Unidas passa por "identificar mais cedo os sinais iniciais" de uma crise e "não ser complacente" com os atores, argumentou a candidata búlgara que quarta-feira irá pela primeira vez a votos no Conselho de Segurança.
A candidata prometeu ainda, invocando o seu exemplo em cargos no Banco Mundial e UE, duplicar o número de mulheres nos principais cargos da ONU - onde cerca de um terço dos países membros assinou uma declaração a favor da eleição de uma mulher como novo secretário-geral da organização.
A candidata, reconhecendo ter uma "entrada tardia" na corrida para suceder ao sul-coreano Ban Ki-moon, disse que preferiria ter entrado "mais cedo" no processo em função da "transparência e abertura" que caracteriza a sua carreira profissional.
Questionada pela Tunísia sobre a questão palestiniana, Georgieva reconheceu que essa é uma "situação por resolver" e que isso não resulta da "falta de esforços" dos oito secretários-gerais da ONU mas "da complexidade" dos problemas.
A vice-presidente da Comissão Europeia, de licença sem vencimento em outubro para concorrer ao cargo de secretário-geral, elencou três desafios a que a ONU tem obrigatoriamente de responder: pobreza extrema, conflitos e mudanças climáticas.
Falando como candidata da Europa de Leste, com o apoio oficial da Bulgária, Kristalina Georgieva considerou que o secretário-geral da ONU "tem a responsabilidade crítica" de gerir os riscos que o mundo enfrenta de forma "inclusiva e justa".
Em resposta a questões da Assembleia Geral, a candidata prometeu ser "a campeã" na procura de novas fontes de financiamento que, além dos governos, tenham origem também no setor privado para financiar os múltiplos projetos da organização, em especial no domínio do desenvolvimento sustentável.
Ponto importante, para Georgieva, é o ser capaz de "demonstrar que é capaz de gerir bem" os recursos financeiros existentes e de "forma mais eficiente" a favor dos necessitados.
A candidata búlgara realçou ainda a importância de a ONU definir o que "pode fazer" para, investindo localmente na paz ou na educação, evitar o deslocamento massivo de migrantes e refugiados.
Perante "um mundo mais frágil", com uma "economia global que dificulta a obtenção de recursos financeiros para responder aos desafios do crescimento e estabilidade", Georgieva alertou ainda para "a polarização, a insegurança, a imprevisibilidade, o contágio dos conflitos internacionais, a enormidade do deslocamento de pessoas, a velocidade de propagação de certas doenças, as consequências das mudanças climáticas" que marcam os dias de hoje.
Kristalina Georgieva defendeu que a prevenção dos conflitos deve ser a prioridade da ONU, sendo necessário ter respostas diferentes em função da natureza de cada conflito.
A candidata referiu ainda que "é necessário proteger" o acesso da ajuda humanitária às vítimas dos conflitos, sendo "imperdoável ver pessoas a arriscar as suas vidas para salvar as de outros".