Geórgia anuncia corte de relações diplomáticas com a Rússia
Crise no Cáucaso. Moscovo não cumpre cessar-fogo
Milícias ossetas expulsam georgianos da zona tampão em torno de Gori
A Geórgia cortou relações diplomáticas com a Rússia, anunciou ontem o ministro dos Negócios Estrangeiros georgiano, Grigol Vachadze, citado pela AFP. O gesto surgiu na mesma altura em que os enviados da União Europeia à Geórgia acusaram Moscovo de não estar a cumprir o acordo de cessar-fogo.
O corte de relações diplomáticas é o último capítulo de um conflito iniciado a 8 de Agosto, quando uma ofensiva georgiana contra os separatistas da Ossétia do Sul deu origem a uma imediata resposta russa (os georgianos dizem que houve uma provocação prévia).
Nos combates que se seguiram, morreram centenas de pessoas e parte do território georgiano ficou sob controlo russo. Na terça-feira, a Rússia reconheceu a independência das duas regiões separatistas georgianas, Ossétia do Sul e Abcásia, criando uma onda de contestação nos países ocidentais.
Ontem, em Tbilissi, um dos parlamentares belgas da missão europeia de observadores na Geórgia, Jean-Louis Crucke, afirmou que as posições das tropas russas na Geórgia não eram "controlos ou checkpoints, mas campos" militares. Para Moscovo, as tropas russas em território georgiano são forças de manutenção de paz.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados indicou entretanto que milhares de pessoas foram expulsas na zona tampão controlada pelos russos, sobretudo em torno da cidade de Gori. Sem falar em "limpeza étnica", esta entidade afirma que milicianos (presumivelmente ossetas) exerceram violência e intimidação sobre os civis. Só num campo de refugiados em Gori estão 2300 pessoas. A Cruz Vermelha diz estar muito preocupada com a situação dos mais idosos.
A UE realiza na segunda-feira um conselho extraordinário dedicado à crise na Geórgia e o primeiro-ministro georgiano estará presente. Ontem, o eurodeputado dos Verdes Daniel Cohn-Bendit apelou a que a UE opte por uma solução civil de partenariado com a Geórgia e a Ucrânia.