General lança memórias sobre reformas dos anos 1990 e 2010
O major-general Carlos Chaves, que presidiu à extinta comissão de acompanhamento da reforma "Defesa 2020", disse esta segunda-feira que está a escrever as suas memórias "para que a História se escreva de maneira correta".
"Ninguém tem o direito de reescrever a História do jeito que mais lhe convém, conforme alguns já fizeram ou tentaram fazer", explicou ao DN aquele oficial-general na reforma, escusando-se a identificar nomes.
Carlos Chaves foi o braço direito do então ministro da Defesa Fernando Nogueira (PSD), responsável pelo lançamento da polémica "reforma dos três erres" no início dos anos 1990 - marcada pela criação de um verdadeiro Ministério da Defesa, pela chamada "Lei dos Coronéis" e, entre outras medidas, a criação do Fundo de Pensões dos Militares, a extinção dos Comandos e a transferência dos paraquedistas para o Exército.
Duas décadas depois, em 2011 e como assessor do então primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, esteve envolvido na definição e implementação da reforma "Defesa 2020", caracterizada pelo reforço dos poderes do Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, nova redução de efetivos (essencialmente no papel, com a redução dos limites autorizados), fusão dos hospitais militares e abertura do Colégio Militar às raparigas (com a extinção do Instituto de Odivelas).
Carlos Chaves, após sair do gabinete de Passos Coelho, assumiu a presidência da comissão de acompanhamento da reforma "Defesa 2020" - período também marcado, a exemplo dos anos 1990, por tensões com os responsáveis militares a quem competia implementar as opções e decisões do poder político e que terminaram semanas após a posse do Governo da geringonça, quando o novo ministro da Defesa extinguiu aquela estrutura.
As memórias do major-general sobre as suas vivências militar e política vão dividir-se em seis volumes e começam a ser publicadas em março de 2019.
"Este será o meu testemunho e contributo para investigadores, estudantes, jornalistas e historiadores", o qual será "rigoroso, claro, objetivo e, acima de tudo, verdadeiro porque provável e facilmente comprovável", afirmou Carlos Chaves.
Carlos Chaves terminou o curso da Academia Militar em 1975. Além da carreira no Exército, onde comandou o Regimento de Infantaria de Viseu, o major-general foi adido militar em França, Bélgica e Luxemburgo.
O militar terminou a carreira na GNR (em 2010), onde comandou a Escola da Guarda e exerceu as funções de Inspetor e comandante do Comando da Doutrina e Formação daquela força de segurança.