Gel vaginal ajuda a conter vírus do VIH

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Aplaudido com entusiasmo, mas com alguma moderação. Assim foi ontem recebido por especialistas, associações e doentes de VIH/sida o resultado do teste realizado com um gel vaginal microbicida que contém um anti-retroviral. O ensaio feito junto de oito centenas de mulheres sul-africanas zulus mostrou que o gel pode reduzir até metade o risco de contrair a doença, segundo foi ontem revelado durante a conferência de Viena. Isto caso ele seja correctamente usado: uma vez durante as 12 horas antes da relação sexual, outra depois das 12 horas a seguir.

Os cientistas consideram que o gel microbicida pode dar nova esperança às mulheres cujos parceiros recusam usar preservativo durante as relações e têm mais do que uma parceira sexual. E apesar de ainda estarmos apenas perante testes e ensaios científicos, o ministro da Saúde sul-africano já admitiu que podia introduzir o uso do gel no país mesmo antes de ele ser licenciado pelos reguladores. "Estamos muito interessados nisto e acreditamos na abordagem baseada em provas. E se os cientistas disserem que realmente funciona, estudaremos a questão", disse, à Reuters, Aaron Motsoaledi.

Apesar do entusiasmo, alguns especialistas consideram que não deve ser descuidada a aposta na prevenção por causa do estudo, intitulado Caprisa 4. "Estamos longe de um uso prático", disse ao DN, ao telefone de Viena, o professor Henrique Barros, coordenador nacional para a infecção VIH/sida. Insistindo na grande importância do uso do preservativo.

"Não há nenhuma solução milagrosa, mas uma soma de soluções (preservativos, circuncisão, gel microbicida e tratamentos feitos de forma mais precoce) que vão conduzir a uma série de mudanças nos comportamentos", declarou, à AFP, o professor Jean- -François Dalfraissy, da Agência Francesa de Pesquisa sobre a sida.

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