Ambos fizeram um primeiro mandato na oposição, tendo assumido a gestão dos seus municípios em 1979, conquistando António José Ganhão (Benavente) sucessivas maiorias absolutas. \tDe novo candidatos às eleições do próximo domingo, António José Ganhão e Sérgio Carrinho (Chamusca) asseguram que não se consideram insubstituíveis e que o que os move é uma grande motivação e um grande entusiasmo em realizar o muito que sentem que ainda há para fazer nos seus municípios. \t"Só há desgaste quando o trabalho é um fardo. Se sentisse esse fardo já teria ido embora há muito tempo. Nunca senti esse peso", disse António Ganhão à agência Lusa, sublinhando a "alegria, o entusiasmo" e ainda a noção da "capacidade" e a "vontade" de fazer mais pelo seu município. \tSérgio Carrinho reconhece que "já não é um jovem", mas, sublinhou à Lusa, "do ponto de vista intelectual e anímico" sente-se particularmente estimulado perante uma "sociedade permanentemente activa", em que "todos os dias acontecem coisas novas", obrigando os eleitos locais a "aprender constantemente". \t"Os desafios são muitos. Isto motiva-nos. Não há tempo para estar cansado", disse, refutando que exista um sentimento de que é insubstituível ou que está agarrado ao poder, porque "isso é muito efémero e não tem qualquer importância". \tO "grande sal" do cargo "decorre da importância do trabalho que se faz para as pessoas", afirmou. \tQuando foi eleito pela primeira vez, António José Ganhão já era professor há 10 anos, uma profissão que deixou "com profunda saudade" para abraçar outra igualmente "empolgante". \t"O realizar, o concretizar coisas em prol da população e fazer todos os dias nem que seja uma pequenina coisa traz-nos uma recompensa muito grande", disse à Lusa. \tQuando anda pelas ruas da Chamusca, Sérgio Carrinho sente "um gozo enorme" por ser tratado pela população - até pelos mais pequenos - por "Sérgio" e não pelo formal "presidente". \t"Conheço a maioria desta gente, muitos desde o tempo em que trabalhava na fábrica de tomate, outros desde que, na juventude, ajudava à missa, era sacristão. Não estamos no território das formalidades, mas no território das humanidades", declarou. \tAntónio Costa já foi vereador eleito por outro partido, o que não o impede de achar que "o Sérgio", apesar de "dinossauro", tem "gerido relativamente bem a autarquia". \tJoão Serôdio considera o autarca que gere a sua autarquia "uma pessoa especial", que "tem feito muita coisa". \tSentado num banco de jardim, em Benavente, Joaquim Semeano, 83 anos, reconhece o "bom trabalho" de António José Ganhão, não esconde o receio de que a mudança possa trazer "um pior", mas defende que outros devem ter a oportunidade de mostrarem o que valem. \tMuitos anos no poder não são, para António Ganhão e Sérgio Carrinho, sinónimos de enriquecimento. \t"Se entrei pobre sairei pobre. Não sou pessoa de muitos gastos. Com pouco dinheiro sinto-me satisfeito e faço uma vida que considero feliz", disse António Ganhão. "Sentimo-nos bem com o que temos", sintetizou Sérgio Carrinho, confessando uma pequena "extravagância", colecciona "cacos, velharias, para descomprimir"