Galp e PT ficaram baratas com queda das bolsas

Publicado a
Atualizado a

Economia sólida e lucros altos dão garantias

Com a correcção das últimas duas sessões das bolsas - provocada pelo disparar da aversão ao risco -, as acções caíram para patamares teoricamente mais atractivos. No caso da Bolsa de Lisboa, entre as empresas com mais accionistas destacam-se a Galp e a PT, cujos preços estão de novo apelativos para investir. Mas se isso é suficiente para os investidores regressarem às compras - impulsionado o seu valor -, tudo dependerá da verdadeira extensão do problema do crédito hipotecário de alto risco.

"As economias continuam sólidas, as empresas estão a ganhar dinheiro. Não há razão para as acções perderem mais valor", explicou ao DN, José Santos Teixeira, responsável da gestora de fundos de pensões SGF. Para a economista do BPI, Cristina Casalinho, a "turbulência" dos últimos dias não é mais que "os mercados a funcionarem" segundo as suas regras. "Ainda não há razões para temer algo para além disso", diz.

Neste cenário, as quedas colocaram as acções mais baratas. Recorrendo a um mecanismo que avalia o valor das acções em função do desempenho das empresas (medido através dos lucros), percebe-se que existem casos, em Portugal, que podem justificar o investimento. O PER-Price Earnings Ratio (indicador que traduz o número de anos que demora a recuperar o investimento) do PSI-20 é, agora, de 13,11 vezes. Uma valor em linha com os seus pares europeus. O PER da Galp está nas 11,3 vezes e o da PT nas 12,8 vezes, o que significa que estes dois títulos estão baratos.

Mas será o suficiente para voltarem a subir? "O problema é que há uma grande falta de visibilidade sobre o que está em causa. Não se sabe quantos bancos europeus estão expostos ao crédito hipotecário nos EUA e com que extensão", resumiu Santos Teixeira, responsável pela gestão de carteiras de investimento.

A própria actuação dos bancos centrais (ver texto na página seguinte) permite várias interpretações. Há alguns analistas que sublinham o facto de a injecção de dinheiro pelo BCE para ajudar os bancos a enfrentar a fuga para liquidez desceu de 94 para 61 mil milhões de euros entre quinta e sexta-feira. O que pode significar que as necessidades são menores e tenderão a diminuir.

Mas outros especialistas estão preocupados com o sinal que os bancos centrais enviaram ao mercado: se a injecção de dinheiro foi superior até à que se registou após os atentados de 11 de Setembro nos EUA, quererá isso dizer que o problema é maior que aquilo que se conhece actualmente? É na interpretação destes sinais que se jogará o futuro próximo dos mercados financeiros.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt