Ancorado a 2170 metros de profundidade, a 290 quilómetros da costa brasileira, o navio-plataforma Cidade de S. Vicente começou ontem a extrair o primeiro petróleo do megacampo petrolífero do Tupi. A Galp Energia, juntamente com os seus parceiros Petrobras e BG Group, dão assim início à exploração da camada pré-sal, a quase sete mil metros de profundidade, na bacia de Santos..O presidente executivo da petrolífera portuguesa, Manuel Ferreira de Oliveira, foi um dos convidados presentes na plataforma para a cerimónia oficial, que só não contou com o Presidente brasileiro, como estava inicialmente previsto, por questões de segurança. Mas Lula da Silva não faltou ao evento de lançamento do "Ano I de uma Nova Era", que decorreu à noite na Marina da Glória, no Rio de Janeiro..O teste de longa duração (TLD), cujo objectivo é avaliar o comportamento da reserva estimada entre cinco milhões a oito mil milhões de barris de forma a estabelecer o número de poços a realizar, durará 15 meses. Inicialmente, a produção será de 14 mil barris por dia de petróleo leve, apesar de o Cidade S. Vicente ter capacidade para produzir 30 mil e armazenar um milhão..A Galp detém uma participação de 10% no bloco (BM-S-11) onde se situa o campo Tupi, tendo por isso direito a 800 milhões de barris de petróleo, caso se confirmem as previsões mais optimistas. A estatal brasileira detém 65% e os restantes 25% estão nas mãos do BG Group. A Petrobras espera extrair, nos próximos 12 anos, um milhão de barris por dia, o que significa que a petrolífera portuguesa terá direito a 100 mil barris, um terço das necessidades de consumo de Portugal..Actualmente, a produção da Galp situa-se em 15 mil barris (oriundos do poço 14, de Angola), o que só prova a importância de Tupi e de outros poços da Bacia de Santos. Juntamente com todos os outros projectos de exploração e produção nos quais participa, a companhia portuguesa prevê produzir, até 2020, 150 mil barris por dia. .Desde 1999, quando entrou em território brasileiro, a Galp investiu no Brasil 127 milhões de euros, mas tem previsto investir mais de 900 mil euros em exploração e produção de petróleo e gás natural até 2013 nos cerca de 70 blocos petrolíferos que tem neste país. No total, o investimento nestas áreas em todo o mundo ascende a 1,9 mil milhões de euros. .O Tupi é também muito importante para o Brasil: os oito mil milhões de barris do megacampo descoberto em Outubro de 2006 representam metade das reservas de petróleo conhecidas no país (14 mil milhões). E poderá levar o país a entrar no top 10 dos maiores produtores mundiais. .O Tupi é o ponto de partida para o conhecimento do pre-sal, devendo subsidiar os futuros projectos da Petrobras. "O petróleo do Brasil pertence, ele todo, ao povo brasileiro", lembrou o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, presente na cerimónia.