Furacão Irma atrasa saída de cena de Raúl Castro
A Assembleia Nacional de Cuba prolongou o próprio mandato por dois meses, até 19 de abril, atrasando na prática a sucessão de Raúl Castro na presidência do país. A proposta, oriunda do Conselho de Estado, é sustentada nos efeitos do furacão Irma, que atingiu a ilha das Caraíbas em setembro.
Segundo alguns observadores ouvidos pela Reuters, o adiamento da transmissão de poderes do regime comunista para uma nova geração dever-se-á a preocupações em garantir a estabilidade política. O homem apontado como o herdeiro de Raúl Castro é o primeiro vice-presidente, Miguel Diaz-Canel. Nascido no ano seguinte à revolução, o ex-ministro do Ensino Superior está longe de ser uma figura popular.
A segunda volta da eleição dos delegados municipais foi adiada para dezembro, o que teve implicações "nas atividades posteriores ao processo eleitoral", explicou ao Granma, jornal oficial do Partido Comunista de Cuba, o secretário do Conselho de Estado Homero Acosta. "Isto foi motivado pelos graves efeitos do furacão Irma em todo o território nacional", disse o mesmo dirigente.
"Este evento imprevisível e excecional tornou objetivamente impossível desenvolver o cronograma da comissão nacional eleitoral nas datas previstas para realizar as eleições gerais, tornando necessária a modificação pelo Conselho de Estado", afirmou ao jornal cubano José Luis Toledo, presidente da comissão de assuntos constitucionais e jurídicos.
A Constituição da República de Cuba prevê a prorrogação do mandato de cinco anos da Assembleia Nacional em caso de conflito militar ou de circunstâncias excecionais, desde que aprovado pelos próprios deputados.
Apesar dos efeitos do furacão - o ministro da Economia, Ricardo Cabrisas, disse que causou estragos de 13,2 mil milhões de dólares -, Cuba vai registar um crescimento do PIB na ordem dos 1,6%. O aumento de quase 20% de turistas nos primeiros 11 meses do ano contribuiu para o crescimento económico.