Fundação Ricardo Espírito Santo terá "solução definitiva" de financiamento

A presidente da FRESS, Conceição Amaral, admitiu que existem ainda salários em atraso na instituição que em 2014 perdeu o seu mecenas: o Banco Espírito Santo
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A presidente da Fundação Ricardo Espírito Santo Silva (FRESS), Conceição Amaral admitiu hoje que a entidade ainda tem salários em atraso, mas haverá "muito em breve uma solução definitiva" para o financiamento da instituição.

No início da semana, o concelho de administração da FRESS comunicou aos cerca de 130 funcionários que "apesar de todos os esforços" não seria possível pagar hoje o salário de janeiro.

Contactada pela agência Lusa, a presidente da FRESS explicou que os salários são habitualmente pagos a 27 de cada mês, mas nos últimos meses houve atrasos de alguns dias.

Desde 2014 que a instituição enfrenta dificuldades financeiras após ter perdido o seu principal mecenas, o Banco Espírito Santo (BES), que entrou em colapso, com prejuízos históricos.

"Até ao fim da semana deverão ser pagos os salários de janeiro e a parte em atraso do último mês de dezembro", indicou Conceição Amaral, acrescentando que a FRESS "está na fase final de negociação com parceiros para encontrar uma solução definitiva" para a situação da fundação.

Em 2015, segundo a presidente, a FRESS "viveu apenas de receitas próprias, sem um mecenas principal, como tinha anteriormente", e alguns apoios financeiros da Câmara Municipal de Lisboa e da Santa Casa da Misericórdia, para tesouraria e funcionamento.

"Foi um ano muito difícil, mas conseguimos manter toda a estrutura a funcionar - museu, escolas, oficinas e os departamentos de conservação e restauro - e sem despedir pessoas", sublinhou.

Relativamente aos salários em atraso, a presidente garantiu que os funcionários foram sempre avisados, e foi mantido um fundo para pagamento mínimo de 600 euros, que cobrisse o salário mínimo.

A entidade tem 96 funcionários no quadro, e mais três prestadores de serviços, acrescendo ainda 32 professores.

"Embora a situação difícil, conseguimos cumprir as encomendas, que até aumentaram", apontou, indicando que, no caso de restauro, os clientes são sobretudo portugueses, e na criação de peças decorativas e pintura são estrangeiros, sobretudo do Brasil, México, Oriente, África e França.

Quanto à solução definitiva para a situação da FRESS, indicou que "está muito para breve a assinatura de um protocolo".

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Tutelada pelo Ministério da Cultura desde 2008, a FRESS chegou a receber um apoio de 200 mil euros anuais, sofrendo uma quebra em 2013, para 140 mil euros, após os cortes nos apoios a fundações.

Em 2014, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) - justificando que a coleção de arte da FRESS era um património relevante para o país - abriu um processo de classificação da coleção reunida por Ricardo Ribeiro Espírito Santo Silva (1900-1955), que se destacou como o maior colecionador de arte portuguesa do século XX.

Atualmente, a FRESS detém o Museu de Artes Decorativas e 18 oficinas de artes e ofícios tradicionais portugueses, que ensinam intervenção especializada no património, nas vertentes de conservação e restauro.

A FRESS tutela ainda duas escolas para ensino das Artes: a Escola Superior de Artes Decorativas e o Instituto de Artes e Ofícios

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