Fundação budista dá 300 mil euros a vítimas dos incêndios
São mais de 300 mil euros que irão ser entregues a 602 famílias dos concelhos de Vouzela e Tondela que foram afetadas pelos incêndios de 15 de outubro. O dinheiro chega da Fundação Tzu Chi, uma organização budista de Taiwan, e irá ser distribuído hoje e amanhã nos dois concelhos. Os beneficiários são, sobretudo, agricultores mais idosos que não foram abrangidos por apoios estatais.
Esta é a segunda ajuda que chega de Taiwan, depois de no mês passado o Centro Económico e Cultural de Taipei (CECT), em cooperação com a Care to Help, fundação com sede nos Estados Unidos, ter entregue 11 mil euros às câmaras de Vouzela e Tondela. Ficou anunciado então que a Tzu Chi iria contribuir para minorar as dificuldades das pessoas que ficaram sem bens devido aos fogos, especialmente aquelas que se encontravam mais desprotegidas.
"Os incêndios foram muito devastadores e houve muitos pedidos de ajuda. O CECT e um grupo de amizade Portugal-Taiwan, que reúne vários deputados portugueses, estiveram sempre atentos à situação", explicou ao DN Luís Fong, do CECT e coordenador desta operação de apoio.
A ajuda irá chegar a 504 famílias de Vouzela e a 98 do concelho de Tondela. "Quando recebemos o pedido procurámos ver qual a possibilidade de ajudarmos e como. Vieram cinco voluntários da Fundação Tzu Chi - dois de França, um do Reino Unido e outros dois dos Estados Unidos da América - que andaram no terreno em Portugal, a investigar as perdas que aconteceram. Fizeram ainda um relatório para Tzu Chi sobre como e quem poderia ser ajudado. Perante o que foi apresentado, a fundação tomou a decisão de ajudar um conjunto de vítimas", adiantou Luís Fong.
Após esta decisão, abriu-se a discussão sobre a forma de ajuda. A Tzu Chi preferiu uma forma direta. "Os apoios vão para pessoas mais desprotegidas, mais velhas. São aqueles anciãos que ficam de fora dos apoios oficiais, os que não tinham garantia financeira nem se incluíam nos apoios municipais ou do governo. O levantamento dos nossos voluntários foi nesse sentido. Por isso, queremos entregar um apoio em que a pessoa possa escolher o que mais precisa. Os 500 euros são entregues na forma de vales de compra, em várias empresas", disse o responsável.
A escolha de Vouzela e Tondela tem que ver, reconhece Luís Fong, com a origem do pedido. "Foi quase por casualidade. Há muitos locais danificados e a precisar de ajuda. É impossível, para nós, irmos a todos. Foi por sugestão dos deputados do grupo de amizade." Paulo Rios de Oliveira, Vitalino Canas e Pedro Alves são alguns dos parlamentares portugueses que integram este grupo.
"Espero sinceramente que o amor e a bênção dos voluntários de Tzu Chi em todo o mundo ajude as pessoas a reconstruir as suas casas rapidamente, a reviver a economia agrícola e a recuperar as suas vidas o mais rapidamente possível", escreveu o líder da Tzu Chi, o monge budista Shih Cheng Yen, a propósito deste apoio.
Na entrega dos donativos estará presente Jackson Chen, diretor executivo da Tzu Chi nos EUA, com as câmaras de Vouzela e Tondela a apoiarem na logística. A autarquia de Vouzela disse ao DN que "recebeu os responsáveis numa visita de trabalho, com deslocação a algumas das zonas afetadas, tendo depois sido solicitado o apoio logístico" para a sessão de hoje, "nomeadamente na cedência de espaço e de tradutores". Esta câmara diz ter recebido ajudas de particulares e de instituições, "também por via da comunidade emigrante e de instituições estrangeiras, como é o caso da Embaixada dos EUA e do Centro Económico e Cultural de Taipei".
De França e dos Estados Unidos
A Embaixada dos Estados Unidos empenhou-se no apoio. Através do Gabinete Norte-Americano de Ajuda Externa a Catástrofes foram entregues 50 mil dólares à Cáritas e à Cruz Vermelha Portuguesa. Entre os donativos internacionais que chegaram a Portugal para apoio das vítimas de incêndios, há os que se inserem no fundo Revita, criado para abarcar donativos destinados a reconstrução de casas e empresas, mas só referente aos fogos de junho, em Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pena. Da lista do Revita verifica-se que a República de Timor-Leste fez uma doação de 1,2 milhões de euros. A ONG francesa Partagence teve um donativo de bens de 300 mil euros, tendo esta organização assinado um protocolo com a Associação Industrial Portuguesa. O presidente do Parlamento Europeu aderiu ao Revita através do donativo de 25 mil euros, que resulta da aplicação do prémio Princesa das Astúrias, cedido para apoiar as vítimas dos incêndios de Pedrógão Grande.