Os portugueses sentiram-se de repente ameaçados: seis homens mataram três guardas prisionais numa fuga com contornos hollywoodescos ao fugirem da Colónia Prisional do Pinheiro da Cruz (Grândola) e andavam a monte..O paradeiro dos fugitivos, condenados a penas pesadas, era incerto. Nas zonas rurais, onde as populações viviam de portas abertas, meteram-se as trancas. O medo era real.."Seis presos em fuga mataram três guardas", titulava o DN em letras garrafais. E escrevia na primeira página que os fugitivos se escaparam pela porta principal da prisão, usando um carro celular, naquela que era considerada a "mais sangrenta das evasões das cadeias portuguesas nos últimos 25 anos". Estava-se a 28 de julho de 1986. A mais hilariante fuga das prisões portuguesas aconteceu há 33 anos..Mesmo numa altura em que não havia televisões privadas e noticiários de hora a hora, não havia ninguém que não falasse dos "Cavacos", que tinham saído pelo portão principal de Pinheiro da Cruz num carro celular..O grupo de seis fugitivos era composto por dois ex-paraquedistas, "Tony" (Augusto José Ramalho) e "Zé Guerreiro" (José Fernandes Gaspar), "Carlos Malveira" (Carlos Alberto Ferreira Pereira) e os algarvios Germano Raposinho, "Vítor Ameixa" (Vítor Clemente Cavaco) e "Americano" (José Faustino Cavaco ).Raposinho foi apontado como o cérebro da fuga, mas Faustino Cavaco era considerado o mais perigoso do grupo - ladrão de bancos e autor de três homicídios..Dois dias depois da evasão, eram encontrados no Algarve os carros usados pelos presos na fuga. O cerco apertou-se. Os fugitivos acabariam por se separar em três grupos de dois, para mais facilmente iludir as autoridades..No Algarve, seria cercado o primeiro grupo e um dos homens, "Zé Guerreiro", acabaria por se suicidar..Dias depois, na Reboleira, Amadora, Raposinho e Carlos eram detidos. Os "irmãos" Cavaco, como se pensava, continuavam a monte - afinal não eram familiares, embora fossem ambos algarvios. A casa onde estavam escondidos na região foi cercada e entregaram-se sem resistência.