Frasquilho apela ao investimento português em Moçambique
O presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), Miguel Frasquinho, considerou que Portugal e Moçambique estão em sintonia nas relações económicas entre si apesar de se poder ainda progredir, no final de uma visita a Maputo, onde se encontrou com o ministro da Indústria e Comércio, Max Tonela.
O presidente da AICEP afirma que o crescimento superior a 7% ao ano que se prevê para a economia moçambicana permite novas perspectivas para os interessados em trabalhar no país, apesar de o valor do PIB ser muito reduzido tendo em conta a dimensão económica que o país pode alcançar e de continuar a ser "um dos mais pobres do mundo", onde o investimento estrangeiro tem assim um papel muito importante.
Por isso, destacou a importância do investimento português em Moçambique que, afirmou, é o país que mais emprego cria - 58 postos de trabalho por cada milhão de dólares aplicado, contra uma média de 22 dos restantes países - e o que mais aposta na formação. Apelou por isso aos empresários portugueses que estabeleçam parcerias com os moçambicanos e ainda instou estes a investirem em Portugal, esperando que se estabeleçam relações mais fortes entre os dois países, além daquelas que já se verificam ao nível institucional.
"Nós também queremos os moçambicanos em Portugal, penso que vai ter uma evolução mais positiva e é para isso que eventos como a Facim também servem", observou. "Isto significa que há uma grande preocupação dos empresários portugueses em criar riqueza, ter oportunidades positivas, mas também beneficiar a economia moçambicana e, no fundo, fazer com que possamos sair todos a ganhar".
O presidente da AICEP acompanhou, no início da semana, a abertura da Feira Internacional de Maputo (Facim), presidiada por Paulo Portas, que teve 102 expositores portugueses, 42 dos quais no Pavilhão de Portugal, número abaixo do total de cerca de 150 do ano passado, ressalvando que muitas empresas se apresentaram na feira pela primeira vez, o que constitui "um excelente indício", além de "laços de grande fraternidade, ao nível empresarial ou mais pessoal".
Pronunciou-se ainda sobre as ameaças à paz em Moçambique, resultante da tensão política entre Governo e a oposição à Renamo, sublinhando que o país "tem estabilidade", e desvalorizou os efeitos conjunturais da economia global neste mercado, insistindo que "as perspetivas económicas são muito positivas".
Miguel Frasquilho recordou a proximidade política entre os dois países, marcada por visitas recentes dos dois chefes de Estado e avançou que, ao nível técnico, vai haver mais cooperação entre a AICEP e as entidades congéneres de Moçambique, nomeadamente, o Instituto para a Promoção de Exportações (Ipex) e o Centro de Promoção de Investimentos (CPI), traduzida em troca de experiências e formação, visto pelos moçambicanos como um assunto muito importante.
Portugal figura habitualmente no topo da lista dos principais investidores externos em Moçambique, ocupando em 2014 o quarto lugar da lista com 336 milhões de euros em 98 projetos autorizados.
No Dia de Portugal na Facim, assinalado na passada terça-feira, Frasquilho salientou que o comércio de bens e serviços entre Moçambique e Portugal mais do que dobrou em quatro anos para cerca de 480 milhões de euros em 2014, que o país africano passou do 28.º lugar para o 19º na lista de principais clientes de Portugal, com o aumento das exportações portuguesas em 20% para este mercado, no primeiro semestre deste ano.