Francisco, o Papa comum

Publicado a
Atualizado a

Eleito a 13 de março de 2013, há exatamente um ano, o Papa Francisco mudou nestes 12 meses a imagem da Igreja Católica, ao dar uma maior importância ao papel das mulheres, mas sem concessões no campo do sacerdócio. Sóbrio no vestir e na liturgia, o Papa Francisco continua a mostrar que se sente mais "pastor" do que pontífice. Com uma comunicação imediata e compreensível, Francisco iniciou as reformas desde o dia da sua eleição. Convocou os responsáveis pela limpeza dos jardins do Vaticano, os jardineiros, todos os elementos da Rádio Vaticano, do Centro Televisivo. E, pouco a pouco, todos os funcionários e dependentes da Santa Sé. Cada manhã, Francisco celebra a missa na Casa de Santa Marta, que escolheu para residir em vez do Palácio Apostólico. As suas homilias passaram a ser o púlpito diário de onde fala ao mundo. As suas reflexões são imediatamente reproduzidas na imprensa. No campo litúrgico, optou pelos paramentos brancos, simples, renunciando ao vermelho cardinalício. Prefere o contacto direto, telefonando às pessoas que lhe escrevem e desejam conhecê-lo. Até os seus sapatos, pretos, são "comuns". O livro A Igreja da Misericórdia, 192 páginas escritas pelo Papa Francisco, passa a imagem da Igreja que o Santo Padre pretende renovar: uma casa de misericórdia, aberta a todos, uma comunidade eclesiástica missionária, dinâmica, mas dedicada aos pobres e marginalizados. Às mulheres o Papa Francisco falou recentemente e em particular na audiência ao Centro Italiano Feminino. Nas últimas décadas, abriram-se novos espaços e responsabilidades tanto no campo eclesiástico como profissional, mas ainda não chegou o momento para o sacerdócio feminino. O retiro que o Papa anunciou neste domingo, acompanhado pela Cúria , foi especial por corresponder ao seu primeiro aniversário. Os conceitos sobre os quais o Papa insiste são típicos de todos os chefes da Igreja Católica: misericórdia, perdão, pobreza. Mas as suas palavras são de grande minúcia, acertam sempre, mesmo quando são difíceis.

* Correspondente do DN em Roma há mais de duas décadas, conheceu os papas Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt