França põe na Internet o seu arquivo oficial sobre avistamentos de ovnis
Há casos para todos os gostos: avistamentos de objectos estranhos no céu, que afinal eram balões meteorológicos, luzes coloridas a riscar a noite, que não passavam de meteoritos, ou de um pedaço de lixo espacial a desfazer-se na atmosfera. E depois há os outros casos, que são mais bicudos. Contam com "testemunhos sólidos" e "indícios concretos" e, precisamente por isso, são inexplicáveis. Desde quinta-feira, está tudo online, no que é o primeiro arquivo oficial aberto ao público sobre fenómenos aerospaciais não identificados. Que é como quem diz, ovnis, ou discos voadores.
A iniciativa partiu do GEIPAN, o grupo de estudos e informações sobre fenómenos aerospaciais não identificados, que existe no âmbito do CNES, o centro nacional de estudos espaciais francês.
Como seria de esperar, o site está entupido desde que foi disponibili-zado na Internet, há dois dias, tal o número de tentativas de acesso com que foi assaltado desde o primeiro momento. Mas se o leitor quiser tentar a sorte, pode sempre fazê-lo em http/www.cnes-geipan.fr/geipan/.
Neste momento o arquivo tem online 400 casos dos mais de 1600 observados e documenta- dos pelo GEIPAN desde a década de 50, mas o responsável, Jacques Patenet, garantiu na sua apresentação que tudo estará disponível na Internet até final do ano. "Temos uma pessoa a trabalhar nisto a tempo inteiro", explicou, sublinhando que "a única reserva será a protecção da vida privada".
Todos os anos são reportados ao GEIPAN entre 50 e 100 novos casos de avistamentos de objectos voadores não identificados. E o grupo leva a coisa muito a sério, mas em geral põe logo de lado 90% das situações, por não terem qualquer fundamento real. Os restantes 10% têm uma investigação complementar. Mas, como adiantou Patenet, "apenas algumas dezenas destes avistamentos nos últimos 30 anos merecem a designação de ovnis".
Estes são os casos da classe D, têm indícios e testemunhos credíveis (podem ser procurados como tal no site do GEIPAN), e constituem 25% de todos os que constam no registo, desafiando as explicações racionais. Neste ponto, o responsável do arquivo torna-se filosófico: "Não temos a menor prova de que na origem destes fenómenos inexplicados poderiam estar extraterrestres. E o contrário também não." Para além disto, aparentemente, não há nada a dizer.